Os desafios e a complexidade da pós-modernidade exigem soluções inéditas, eficazes e radicais. Para todos aqueles que creem que o amor pode orientar essas soluções, essa obra ajuda a dar razão das próprias convicções.
Sociologia do amor é o título do livro de Gennaro Iorio, professor do Departamento de Estudos Políticos e Sociais da Universidade de Salerno (Itália) e membro da rede de pesquisadores Social One (Social Sciences in dialogue), expressão cultural do Movimento Focolare.
A união “sociologia – amor” não é usual, mas, como o sociólogo Paulo Henrique Martins, da Universidade Federal de Pernambuco, explica no posfácio: “esse livro ambiciona apresentar o amor agápico como um conceito estratégico para lançar luzes sobre os acontecimentos contemporâneos, buscando assegurar igualmente a demonstração empírica do trabalho teórico. Ele busca revelar um segredo ontológico: as possibilidades de uma experiência de libertação reflexiva que se propõe algo diferente do que foi sugerido até recentemente pelas ciências sociais”.
Talvez alguns leitores pensem que o amor (ágape) fosse assunto religioso, teológico, ético ou até filosófico. Gennaro procura demonstrar que este assunto tem a que ver com a nossa vida quotidiana, privada, como também social, política, econômica, enfim, cultural e que, portanto, lhe cabe um espaço na sociologia como ciência que analisa as ações sociais e mira ajudar não só a conhecê-las, mas também a transformá-las.
O ágape, como conceito sociológico, é definido por Iorio “como uma ação, relação ou interação social na qual os sujeitos excedem (em dar, receber, em não dar ou não fazer, em omitir) todos os seus antecedentes e, portanto, oferece mais do que a situação exige com a intenção de gerar um benefício”.
O conceito de amor foi tratado por muitos mestres clássicos, como Georg Simmel, Max Weber e Pitirim A. Sorokin. No livro, Iorio dialoga ainda com Jean Luc Marion, Donald Winnicott, Axel Honneth e Arpad Szakolczai.
Iorio se indaga sobre a presença do ágape na dimensão privada e na dimensão pública, apresentando estudos empíricos na realidade social, em contextos históricos e com autores individuais e coletivos muito diferentes. Mostra que o ágape é uma propriedade do agir social e que não está ligado necessariamente a uma doutrina ou a um grupo social específico.
Gennaro finaliza afirmando que “seja como for, rejeitado ou ignorado, [o ágape] é algo que resiste e insiste, como um fato que não aceita ser reduzido ou oculto, um fato que não pode desaparecer na preguiça pré-concebida”.
* Artigo adaptado do original publicado em Cidade Nova.