O documento Via pulchritudinis, caminho privilegiado de evangelização e diálogo (2006), do então Pontifício Conselho para a Cultura, atual Dicastério para a Cultura e Educação, mostra como na criação, na arte e no próprio Cristo nós encontramos a beleza (pulchritudinis) que pode nos conduzir a Deus.
O belo, assim como o verdadeiro e o bom, conduz-nos a Deus, Verdade Primeira, Bem Supremo e a própria Beleza. O belo nos diz mais sobre a verdade e o bem. Dizer que um ser é belo não significa apenas reconhecer uma inteligibilidade que o torna amável […] Se o bem expressa o desejável, a beleza expressa ainda mais o esplendor e a luz de uma perfeição que se manifesta […] Percorrer a Via pulchritudinis implica comprometer-nos a educar os jovens sobre a beleza, ajudando-os a desenvolver um espírito crítico face ao que a cultura midiática oferece, e a moldar a sua sensibilidade e caráter para os elevar e conduzir à verdadeira maturidade.
A beleza da criação. Uma escuta particular à natureza ajuda a descobrir nela o espelho da beleza de Deus. Por isso, é urgente promover uma maior atenção à criação e à sua beleza, tanto na formação humana quanto na cristã, evitando reduzi-la a um simples ecologismo, até mesmo a uma visão panteísta […]. Devemos ter o cuidado de destacar a dupla dimensão da escuta: escutar a criação que narra a glória de Deus, e escutar de Deus que nos fala por meio da sua criação e se torna acessível à razão.
A beleza das artes. Se a natureza e o cosmos são expressão da beleza do Criador e nos introduzem no limiar de um silêncio totalmente contemplativo, a criação artística tem a capacidade de evocar o indizível do mistério de Deus. […] Para o crente, a beleza transcende a estética e a beleza encontra o seu arquétipo em Deus. Cada obra de arte cristã tem um significado: é, por natureza, um “símbolo”, uma realidade que remete para além de si mesma, que ajuda a avançar no caminho que revela o sentido, a origem e a meta do nosso caminho terreno.
A beleza de Cristo, modelo e protótipo da santidade cristã. A beleza singular de Cristo, como modelo de uma “vida verdadeiramente bela”, reflete-se na santidade de uma vida transformada pela graça […] Da beleza interior e da profunda emoção provocada pelo encontro com a Beleza em pessoa – pensemos na experiência de Santo Agostinho – surge a capacidade de propor acontecimentos de beleza em todas as dimensões da existência e da experiência da fé.