Cristo, porta que conduz o peregrino à Vida Nova. No Jubileu Extraordinário da Misericórdia, a porta da ala norte da Basílica de Nossa Senhora Aparecida, toda feita em bronze e pesando 4,5 toneladas, foi instituída como “Porta da Misericórdia”. O artista sacro Cláudio Pastro, autor da obra, explica a sua simbologia, que ajuda a compreender o sentido da travessia pela porta e entrada no templo santo:
“A porta de uma capela, igreja, catedral ou basílica de certa forma representa, simbolicamente, Jesus Cristo. É um lugar de passagem, Páscoa. Por ela passamos para uma vida nova. Por essa porta passamos da “Babilônia externa”, lugar de confabulações, de tramas humanas para a ‘Nova Jerusalém’, espaço do Eterno. Aqui saboreamos por antecipação a Casa do Pai (Seu Reino), pois nos encontramos com Jesus Cristo. O próprio Senhor Jesus é quem nos diz: ‘Eu sou a porta. Quem entrar por mim será salvo’ (Jo 10,9). Igualmente, o Senhor nos diz: ‘Eis que pus uma porta aberta diante de ti, a qual ninguém pode fechar’ (Ap 3,8). E ainda: ‘Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo’ (Ap 3,20). Cristo, qual Novo Adão, abriu-nos a Porta do Paraíso. A porta principal da Basílica de Nossa Senhora de Aparecida apresenta, em sua face externa, a Anunciação do Senhor à Virgem Maria (Lc 1,26-38). No lado esquerdo, o Arcanjo Gabriel, o enviado por Deus, oferece-lhe o coração (a Misericórdia do Pai à humanidade, Jesus Cristo) anunciando-lhe que será a Mãe do Salvador. No lado direito aparece Maria que responde: Fiat (Faça-se). Maria é a mulher vazia de si mesma que é chamada ‘cheia de graça’, que se deixou preencher só pela Palavra de Deus. Assim também nós passamos a ser chamados Filhos de Deus, cristãos, ‘outros cristos’. Sua face interna mostra, no lado direito, representações do Sol, do Bom Pastor e do Salmo 99 (‘Sabei que o Senhor é Deus, Ele nos fez, a Ele pertencemos, somos o seu povo, ovelhas do seu rebanho’). No lado esquerdo, a Lua, o Filho Pródigo (Lc 15,11-32) e o Salmo 122 (‘Alegrei-me quando me disseram: vamos para a casa do Senhor. Nossos pés se detêm às suas portas, Jerusalém’). O Sol é uma imagem do Divino. O Senhor é o princípio de tudo. É sempre Deus que toma a iniciativa. A Lua é o reflexo de Deus em nós. Quando desesperamos, sem saída, O buscamos, desejamos voltar para Ele, nosso princípio e fim. O Filho Pródigo, depois de esbanjar os bens paternos e levar uma vida depravada, arrependido, deixa esta vida (os porcos) e volta à Casa Paterna. O Pai Misericordioso o acolhe e o abraça com amor e alegria; está sempre pronto a recebê-lo e a devolver-lhe a dignidade de Filho. A misericórdia de Deus-Pai é incomensurável. Jesus é o Bom Pastor, o Belo e Eterno Pastor. Logo depois da desobediência, do pecado, é o Senhor quem se volta e busca o homem. ‘Adão, Adão onde estás?’ (Gn 3,9). Jesus é o Bom Pastor, o Belo e Eterno Pastor, que busca a ovelha perdida, que se volta e nos procura lá onde os espinhos nos prendem e sufocam e nos traz para os seus cuidados. ‘Senhor, volta-te para mim e tende piedade de mim’ (Sl 25,16)” (PASTRO, C. A Porta da Misericórdia de Aparecida do Norte. Passos, nº 180, maio/2016)
Porta da Misericórdia Basílica de Aparecida – José Robeto Resende Kerr