Advento: tempo de preparação para a vinda do Menino Deus

Tradição existe desde o século IV, para a espera do Natal e preparação dos cristãos para a vinda do Cristo

O tempo do Advento, iniciado em 29 de novembro, é o período em que a Igreja se prepara para comemorar a solenidade do Natal.

Como na Quaresma, o Advento é ocasião favorável para nos aproximarmos com mais afinco de Deus, para que possamos usufruir de todo o bem que Ele deseja nos dar na comemoração do nascimento de Jesus Cristo.

Embora seja comum referir-se ao Natal como a comemoração do “aniversário de Jesus”, a solenidade tem como propósito maior lembrar o grande mistério da Encarnação, pelo qual Deus se fez homem no seio da Virgem Maria.

No Natal, Deus mostra à humanidade pela primeira vez sua face humana, como um pobre bebê nascido num estábulo. A Encarnação é um mistério tão grande que a Igreja, desde o século IV, prepara-se para o Natal com um tempo específico, com o objetivo de comemorá-lo com mais frutos.

Entretanto, o Natal não pretende ser apenas uma festa para lembrar um acontecimento do passado. Ao contrário, o objetivo do Natal é lembrar-nos de que Jesus continua presente entre os homens, principalmente numa alma em estado de graça, como afirmou Jesus: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada” (Jo 14, 23).

Muitas vezes, porém, a presença de Jesus é ignorada, como no Natal, quando poucos tiveram consciência da grandeza e importância do nascimento daquela pequena criança. Frequentemente, agimos como a hospedaria, que poderia ter recebido o grande dom de recepcionar Jesus, mas que o rejeitou por estar “lotada”. O tempo de Advento é o período em que preparamos a nossa “hospedaria interior” para receber o Filho de Deus no Natal, limpando-a por meio da oração, da penitência e de uma recepção mais frequente dos sacramentos. 

É um tempo propício para lutarmos contra os nossos defeitos e pecados, e, por essa razão, os paramentos litúrgicos no Advento são roxos, para nos recordar da conversão necessária para bem recepcionar o Menino Jesus. Por isso, a Igreja recomenda que os fiéis se preparam para o Natal com uma confissão bem feita, para que aquilo que é celebrado na liturgia seja realmente vivido pelos fiéis.

Outro objetivo do Advento é nos preparar para a segunda vinda de Cristo, quando Ele virá não de uma maneira escondida, como um bebê, chamando à conversão a humanidade, mas “para julgar os vivos e os mortos”, quando a história terá um fim e o Reino de Deus atingirá a sua plenitude. Por essa razão, a liturgia nas duas primeiras semanas do Advento prepara os fiéis para essa segunda vinda de Cristo, enquanto as duas últimas semanas para o nascimento de Jesus.

O Advento termina com a Missa do Galo, tradicionalmente celebrada à meia-noite no dia de Natal, mas que pode ser celebrada à noite na véspera do dia 25.

A origem da denominação desse missa como “do Galo” é incerta, pois há muitas tradições. Uma afirma que à meia-noite antes do nascimento de Cristo, um galo cantou fortemente, anunciando a vinda do Messias. Outra tradição, de origem espanhola, afirma que em Toledo, antes de os sinos badalarem à meia-noite, os lavradores matavam alguns galos, recordando-se do galo que cantou no dia da morte de Cristo. A hipótese mais é aceita é que quando terminava a missa, por ser muito tarde, os galos já cantavam.

A Missa do Galo foi instituída pela primeira vez após o Concílio de Éfeso (431 d. C.) para ser celebrada na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma.

A Coroa do Advento

Um dos símbolos mais tradicionais do Advento é a Coroa composta por quatro velas, ramos verdes e uma fita vermelha. As velas, normalmente, são roxas, com exceção de uma, que é rosa. Cada vela é acesa em um domingo do Advento e representa a esperança pela vinda do Menino Deus.

No terceiro domingo do Advento, acende-se a vela rosa, porque é o Domingo Gaudete (Alegrai-vos, em português). Nesse dia, a Igreja alegra-se pela proximidade do Natal. A quebra do espírito penitencial do Advento ocorre para dar mais força aos fiéis, a fim de perseverarem nos propósitos de conversão feitos para viver bem esse tempo. Na Quaresma, há também um domingo com o mesmo propósito: o Laetare, que ocorre no quarto domingo da Quaresma.

A luz das velas é um símbolo do Natal, quando Cristo, Luz do mundo, brilhou pela primeira vez para toda humanidade, trazendo a Misericórdia e Alegria para os homens perdidos num mundo imerso na escuridão e no pecado.

O círculo da coroa representa a eternidade, pois Deus se uniu à natureza humana por toda a eternidade, a fim de nos levar, junto a Ele, para a vida eterna. Os ramos verdes representam a esperança pela vinda de Cristo. Já a fita vermelha, que enfeita a coroa, representa o amor de Deus que é derramado no Natal em toda a humanidade.

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