África supera 4 milhões de casos de COVID-19

Primeiro caso de COVID-19 no continente africano foi notificado em 14 de fevereiro de 2020; hoje, doença já matou mais de 107 mil pessoas; situação é mais grave na África do Sul

Foto: Ricardo Franco/UNICEF

O continente africano superou a marca de 4 milhões de pessoas contaminadas com a COVID-19, de acordo com os Centros para Controle e Prevenção de Doenças da África (Africa CDC). Em comunicado publicado na segunda-feira, 15, o instituto informou também que o número de mortes é de 107,8 mil, enquanto 3,6 milhões de pessoas se recuperaram da doença.

A África do Sul é o país com o maior número de casos na região, seguida de Marrocos, Tunísia, Egito, Etiópia, Nigéria, Líbia, Argélia e Quênia.

Embora haja subnotificação dos casos, autoridades internacionais dizem que o coronavírus atingiu a África de forma menos intensa do que se temia inicialmente. Parte da explicação, conforme especialistas, é o fato de a população africana ser mais jovem do que a da Europa e dos Estados Unidos, por exemplo.

Mas os números aumentaram muito nos últimos 12 meses e o surgimento de novas variantes do vírus acendeu sinais de alerta. A África do Sul entrou numa segunda onda de infecções do coronavírus no fim de 2020. O número de casos já recuou novamente, mas o número de mortes permanece elevado.

Economia e pobreza

Outra grande preocupação, no entanto, é com a economia dos países africanos, já bastante pobres em sua maioria. Estimativas do Banco Mundial indicam uma queda de 3,7% na produção em 2020. A agência Oxfam afirma que o atraso na luta contra a pobreza é de cerca de 30 anos.

De acordo com a Conferência das Igrejas de Toda a África (AACC, na sigla em inglês), a pandemia prejudicou as mulheres de maneira mais impactante, pois elas são as principais responsáveis pelo cuidado dos idosos, das crianças e dos doentes.

“Além disso, as dificuldades econômicas resultantes da pandemia ‘expuseram as garotas a um maior risco de exploração, trabalho infantil e violência baseada no gênero’. Sem mencionar que tantos governos têm desviado muitos de seus recursos de saúde para combater o coronavírus, reduzindo ainda mais o acesso das mulheres aos serviços de saúde”, afirma a AACC, conforme nota do Vatican News.

Vacinas em vista

A campanha de vacinação começou em alguns países, como a África do Sul, Nigéria, Ruanda, Quênia e Gana, mas outros terão que esperar mais, dependendo principalmente de doações do consórcio criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Covax. Governos da Tanzânia, Madagascar e Burundi afirmam que não pretendem comprar vacinas, o que preocupa a comunidade internacional.

Segundo o diretor do Africa CDC, John Nkengasong, em breve alguns países africanos devem ser capazes de produzir a própria vacina, o que deve melhorar o acesso dos vizinhos. Entre eles, a África do Sul, Senegal, Tunísia, Marrocos e Egito.

Fontes: Xinhua, DW, BBC, OMS, Vatican News e Observador

Acesso a vacinas é questão de dignidade humana’, diz agência para refugiados

Não é possível curar o mundo sem que todos possam ter acesso à vacina, disse o diretor internacional do Serviço para Refugiados dos Jesuítas (JRS, em inglês). Em nota publicada no dia 9, o padre jesuíta Thomas H. Smolich afirma que o “igual acesso às vacinas é necessário para garantir a saúde de toda a sociedade”.

A agência para refugiados, que atua em 56 países, pede às instituições internacionais que não deixem de vacinar países africanos. “A dignidade de cada pessoa deve ser o norte dos esforços globais e nacionais de vacinação”, acrescenta. Como diz o Papa Francisco, é preciso promover “cooperação, e não competição, e buscar a solução para todos”, cita a nota.

As provisões de vacinas devem considerar, inclusive, migrantes e refugiados. “A vacina traz esperança para acabar com o sofrimento desta pandemia, e toda pessoa tem o direito de compartilhar dessa esperança”, diz o texto. De acordo com as Nações Unidas, atualmente há cerca de 80 milhões de pessoas forçadas a se deslocar por causa da violência.

Na mesma linha, em fevereiro, os Cardeais Luis Antonio Tagle e Peter Turkson assinaram uma declaração conjunta pedindo “ação urgente” das Nações Unidas para a vacinação em países pobres. Eles também pediram a remissão de dívidas e investimentos na produção local de vacinas em países em desenvolvimento da África e da Ásia.

“Toda vida é inviolável. Ninguém deve ficar de fora”, afirmaram. O Cardeal Tagle é Presidente da Cáritas Internacional e o Cardeal Turkson é Prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral.

Fontes: Agência Fides e Cáritas

Bispos do Quênia criticam resistência à vacinação
Foto: Vatican News

“É legal e eticamente aceitável receber todas as vacinas contra COVID-19 reconhecidas pelo Ministério da Saúde como autênticas, saudáveis e eficientes”, afirmam os bispos do Quênia em comunicado emitido no dia 9. Os prelados também se dissociaram de grupos que levantam falsas suspeitas sobre as vacinas contra a COVID-19.

Líderes de 26 dioceses se uniram para manifestar alinhamento com o Papa Francisco e organismos da Santa Sé na defesa das vacinas. Eles pediram que os governos nacionais “trabalhem incansavelmente para garantir que os mais vulneráveis tenham acesso à vacina da COVID-19”.

Os bispos também afirmam que se trata de uma iniciativa pelo “bem comum”, visando proteger especialmente os mais frágeis. Embora respeitem a escolha individual de cada pessoa, “receber a vacina deveria ser visto como um ato de caridade para com outros membros da comunidade, um ato de amor ao próximo e parte de nossa responsabilidade moral pelo bem comum”, acrescentam os bispos, que pastoreiam 16 milhões de católicos.

Conforme orientação da Santa Sé, os que se recusarem a receber a vacina devem encontrar outras formas para não se tornarem veículos do vírus, mantendo o isolamento social e o uso de máscaras, por exemplo.

Fontes: La Croix e Catholic News Service

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