As soluções eficazes em mobilidade urbana pelo mundo

Em Medellín, Colômbia, uma cidade montanhosa, há um sistema de teleféricos, com quatro linhas, que se interliga a outros meios de transporte
Metrô de Medellín

A mobilidade urbana tem se tornado um desafio global. Com as metrópoles cada vez mais populosas, a questão se tornou um dos principais temas a serem equacionados com urgência.

Apesar do desafio, alguns países têm se destacado nessa luta e, por meio de iniciativas governamentais, políticas públicas e campanhas de conscientização da sociedade, se tornaram referência no assunto.

Pelos exemplos mundo afora, a solução que mais oferece rapidez e qualidade de vida a quem se desloca pelas cidades é sustentável. Os veículos não motorizados, como bicicletas, e o transporte público coletivo são incentivados em relação aos motorizados e individuais. Para isso, as melhores cidades nesses quesitos oferecem um sistema integrado com conexões reais entre os modais e investem em infraestrutura para atender às demandas.

O SÃO PAULO apresenta a seguir algumas iniciativas que são internacionalmente reconhecidas e podem ser aproveitadas em outros contextos urbanos.

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ALEMANHA

O exemplo de mobilidade no país começa na capital: em Berlim, há multimodais disponíveis que podem ser acessados com facilidade pela população. A cidade tem investido na construção de ciclovias – já contando com mais de mil quilômetros delas – e no planejamento das vias existentes para comportar bicicletas e pedestres. A taxa de tráfego a pé já é equivalente à taxa de tráfego de automóveis.

A preferência tanto por transporte público quanto pelo não motorizado também tem aumentado: em dez anos, o número de passageiros cresceu mais de 20% e o de ciclistas, 40%. Outro importante avanço na mobilidade urbana sustentável da cidade tem sido, desde 2012, a inclusão de carros elétricos em substituição aos veículos a combustão: Berlim possui uma frota de mais de 50 mil deles – o país já ultrapassou a marca de 1 milhão –, e mais de 1.350 estações de recarga, uma alternativa limpa para os deslocamentos.

CHINA

O transporte público de Hong Kong é considerado um dos melhores do mundo. Mais de 75% das moradias e 94% dos locais de trabalho estão a 1 quilômetro de uma estação de metrô. A base é o transporte ferroviário pesado, representando 37% das viagens, complementado com trens leves.

Cerca de 95% dos 7,6 milhões de habitantes utilizam uma espécie de cartão como o Bilhete Único, porém ampliado, que integra modais de transporte público, como ônibus, metrô, trem de alta velocidade e de longa distância, bonde e barco. O cartão também é aceito em aproximadamente 3 mil estabelecimentos e pode ser utilizado para comprar alimentos e pagar estacionamentos, além de dar acesso a empresas e edifícios públicos, como hospitais, escolas e bibliotecas.

COLÔMBIA

Medellín é a capital do distrito de Antioquia, no noroeste colombiano. Trata-se de uma região montanhosa que divide a cidade entre regiões altas e baixas, com terrenos íngremes e de difícil acesso, inviáveis para a implantação de transportes públicos convencionais como trens e ônibus, o que representa um desafio para a mobilidade.

A solução encontrada foi instalar um sistema de teleféricos conhecido como “metrocabo”, em tradução livre, que além de ser um meio de transporte de baixa emissão, rendeu à cidade o Prêmio de Transporte Sustentável, em 2012.

O sistema conta atualmente com quatro linhas (a quinta está em construção), 13 estações e 10,7 quilômetros de extensão e é interligado à rede de metrô, bondes, ônibus e bicicletas públicas gratuitas.

DINAMARCA

Copenhague é admirada por seu sistema de transporte focado em ciclistas e pedestres. Nela, o acesso às áreas centrais é facilitado, sendo possível percorrer toda a cidade por ciclovias exclusivas, – em uma malha que ultrapassa os 12 mil quilômetros de extensão, muitas delas elevadas, a fim de evitar os cruzamentos das ruas –, com sinalizações inteligentes que identificam a aproximação de ciclistas e sua quantidade, permitindo priorizá-los no trânsito, bem como os usuários de patinetes e monociclos.

Dessa forma, mais de 50% da população, de cerca de 1,2 milhão de habitantes – considerando a área metropolitana –, aposta exclusivamente nas bicicletas para se locomover diariamente. Quando isso não é possível, os metrôs e ônibus cobrem toda a região com transporte de qualidade e respeito aos moradores e visitantes.

A pontualidade dos ônibus impressiona: ao esperar por um deles em qualquer parada da cidade – o que leva poucos minutos –, há painéis que informam o horário exato em que o coletivo chegará ali, em todos os momentos do dia, o que sempre acontece com precisão.

ESTADOS UNIDOS

O sistema de transporte de Nova York recebe diariamente cerca de 10 milhões de usuários. Para atender a toda essa demanda, quase 70% dos usuários utilizam o metrô nova-iorquino para chegar ao trabalho, por meio de suas 425 estações e mais de mil quilômetros de trilhos.

A cidade consegue ver na população o reflexo do investimento em transportes: menos da metade dos cidadãos são proprietários de automóveis e a taxa de obesidade dos residentes é uma das menores do país.

FRANÇA

Uma das cidades com melhor mobilidade urbana no mundo, Paris tem no metrô o grande trunfo para deslocamento na região. São 303 estações, distribuídas por 219 quilômetros de extensão, que permitem a conexão dos subúrbios com as regiões centrais e são suficientes para atender à demanda do público, tanto dos moradores quanto dos turistas, na capital francesa.

Quando projetado, o metrô parisiense estipulou que, de qualquer ponto da cidade, a estação mais próxima ficaria a, no máximo, 400m de distância, permitindo que o acesso a qualquer uma delas possa ser feito a pé e rapidamente.

PAÍSES BAIXOS

Amsterdã, capital do país, é famosa por seu imenso número de bicicletas, 880 mil, que chega a ser maior que o total de habitantes, hoje estimado em 800 mil pessoas, dos quais 58% utilizam a bicicleta para se locomover.

A prefeitura inaugurou recentemente o primeiro estacionamento subaquático exclusivo para bicicletas, instalado sob a estação central para facilitar o acesso às linhas de transporte público.

Com capacidade para 7 mil bicicletas, o projeto custou 60 milhões de euros e demorou quatro anos para ficar pronto. O estacionamento é gratuito nas primeiras 24 horas e, depois desse período, o usuário paga uma taxa equivalente a R$ 7 por sua utilização.

Além das opções não motorizadas, os modais neerlandeses incluem trens, metrôs, bondes elétricos, ônibus urbanos e regionais, barcos (do tipo ferries), centrais de táxi e os thalys, comboios de alta velocidade que ligam o país à França e à Bélgica.

REINO UNIDO

A capital, Londres, é pioneira em mobilidade: a cidade foi a primeira do mundo a ter um túnel submarino, o primeiro aeroporto internacional e a primeira rede ferroviária subterrânea (metrô), a London Underground ou o famoso The Tube.

Além de um sistema integrado que inclui metrô – cuja rede engloba 16 linhas, 270 estações e 400 quilômetros de extensão –, ônibus, trens, barcos e as ciclovias tradicionais, a cidade conta também com as de alta velocidade, pensadas para quem pedala longas distâncias. Há um sistema público de aluguel de bicicletas, oferecidas a baixo custo, acessível aos moradores e turistas.

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