Cardeal Scherer: ‘Tudo na vida da Igreja deve ter a sua dimensão missionária’

Arcebispo Metropolitano participa presencialmente da 1a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, até o dia 28, na Cidade do México

Na manhã da terça-feira, 23, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, falou aos participantes da 1^a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, que acontece até domingo, 28, com a participação presencial de cem pessoas na Cidade do México e outras mil de modo on-line em diferentes partes do continente americano.

Recuperar as riquezas de Aparecida

Inicialmente, Dom Odilo lembrou que a realização da Assembleia Eclesial foi um pedido do Papa Francisco ao Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam): “O Papa Francisco nos pede que retomemos o Documento de Aparecida, porque contém uma riqueza muito grande, que talvez não tenha sido suficientemente assumida, e esse documento ainda tem muito a oferecer para a Igreja em nosso continente e continua muito atual”.

O 1^o Vice-Presidente do Celam recordou o apelo de Francisco para que se faça “um balanço dos frutos já produzidos pela Conferência de Aparecida e o quanto as propostas e as conclusões do Documento de Aparecida influenciaram a Igreja, a vida pastoral, a evangelização no nosso continente”. Disse, ainda, que o Papa pede que se avalie os aspectos que não foram suficientemente assumidos, para que o sejam e produzam frutos.

Estar atento às novas questões surgidas desde 2007 é outro dos pedidos do Papa, conforme lembrou Dom Odilo: “novas questões eclesiais, sociais, humanitárias, econômicas, políticas, culturais que desafiem a missão da Igreja ”. Diante deles, afirmou o Arcebispo de São Paulo, “a Igreja é chamada a falar a sua palavra de discernimento, de anunciar a Boa Nova, a luz do Evangelho”.

Conversão pastoral missionária

Na sequência, Dom Odilo falou sobre o conceito de conversão, apresentado no Documento de Aparecida, no qual há o pedido para que a Igreja não se contente com uma pastoral da conservação, mas, sim, empreenda uma verdadeira pastoral de renovação missionária, que ofereça novas respostas às novas questões que surgem em todos os âmbitos.

Neste ponto, o Documento fala de um processo de conversão missionária. Dom Odilo recordou que Jesus inicia o anúncio do Evangelho, apelando à conversão e à acolhida ao Reino de Deus, que implica as mudanças que Jesus pede a todos: um processo de conversão que não se acaba, que deve sempre ser proposto ao povo e à Igreja, para que “ela se volte para o Evangelho, anunciando nas situações novas, que exigem novas posições, novas posturas para que o Evangelho produza novos frutos dentro de novos contextos”.

O apelo do Documento de Aparecida é para uma conversão pastoral, insistiu o 1^o  Vice-Presidente do Celam. “A Igreja como um todo é chamada a inverter-se, a renovar-se, a voltar-se cada vez mais para Jesus Cristo e a renovar a sua adesão a Jesus Cristo e ao Evangelho”, para que ilumine a todos os momentos e situações da história. Isso exige de todos, segundo o Cardeal Scherer, “coragem para assumir novas atitudes e abandonar velhas práticas que já não dão frutos, que já estão pastoralmente superadas”.

Desapegar-se de velhas práticas

O Arcebispo de São Paulo lembrou aos participantes da Assembleia que “talvez continuemos nos apegando a práticas antigas”, que não respondem às necessidades e expectativas de nosso tempo.

Ele definiu a conversão pastoral como “mudar os métodos, os enfoques, o cuidado, o caminho da pastoral”. Movida por esta conversão, que deve ser missionária, “a nossa Igreja não pode ser entendida como uma Igreja que já está pronta, que já cumpriu a sua missão”, insistindo que “tudo na Igreja deve ter a sua dimensão missionária”.

Por fim, fez um convite a retomar a conversão às novas questões, situações e sonhos de Jesus para todas as realidades, também para a casa comum. Por isso, lembrou que “a Igreja existe para participar de um mundo segundo o sonho de Deus”.

Fonte: Celam