Em encontro, Dom Odilo destaca a perspectiva sinodal da Catequese evangelizadora

Por meio de seis encontros on-line, aconteceu entre os dias 24 e 30 de julho a Semana Catequética da Arquidiocese de São Paulo, com destaque para a animação bíblica, pedagógica, mistagógica, pastoral e vocacional da Catequese e para o papel do catequista. 

O tema escolhido neste ano foi “Catequistas, alegres mensageiros de uma grande proposta”. O evento também buscou preparar os catequistas para a vivência do III Congresso Internacional de Catequese, que acontecerá em Roma, entre 8 e 10 de setembro. 

“A cada noite desta semana, apresentamos uma dimensão da pessoa do catequista determinado a crescer na fé e na interação com sua comunidade: o catequista educador da fé; o catequista pedagogo; o catequista mistagogo; o catequista discípulo-missionário e o catequista vocacionado para a transmissão da fé. Todas as atividades propostas pela comissão de Animação Bíblico-Catequética são oportunidades para o comprometimento dos catequistas e para uma caminhada em conjunto, considerando as características próprias de cada região episcopal e suas realidades tão complexas e desafiadoras”, explicou, ao O SÃO PAULO, o Padre Paulo Gil, Assistente Eclesiástico da Animação Bíblico-Catequética da Arquidiocese, que palestrou em um dos dias do evento, no qual também falaram outros padres e Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese e Referencial da Animação Bíblico-Catequética. 

DIMENSÕES DA CATEQUESE 

O encontro de encerramento da Semana Catequética foi conduzido pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer. Ele falou sobre “a perspectiva sinodal para uma Catequese evangelizadora”. 

O Arcebispo de São Paulo recordou que a Catequese tem uma dimensão bíblica – por proporcionar a transmissão da herança da fé que provém da Palavra de Deus – e uma litúrgica – pois a fé não é apenas explicada, mas, também, celebrada, por meio da oração, da participação na missa e pelos sacramentos. Além disso, deve ser proporcionado ao catequizando conhecer a dimensão missionária e pastoral da vivência da fé. 

PERSPECTIVA SINODAL 

Dom Odilo também recordou que a essência da vida da Igreja é ser sinodal, em comunhão, participação e missão. 

Sobre a comunhão, ou seja, a vivência harmônica das pessoas na Igreja e sua união a Jesus Cristo e atenção ao que diz o Espírito Santo, Dom Odilo orientou que isso deve ser apresentado ao catequizando não por meio de discursos, mas por ações que evitem divisões entre os cristãos. “É preciso fazer perceber, desde cedo, que somos todos irmãos e formamos um só corpo na Igreja.” 

Como membros da mesma família de Deus, todos são chamados à participação na Igreja, sendo a mais elementar e necessária a ida à missa, momento em que a comunidade, unida na fé, reza e celebra. “A Catequese precisa ajudar a incutir nas crianças e adolescentes este sentimento de pertença à Igreja”, comentou. 

Também a dimensão missionária deve ser apresentada aos catequizandos, mostrando-lhes que a Igreja é sempre enviada em missão, seja para outras localidades, seja nas realidades da paróquia ou das famílias. “A própria Catequese é ação missionária. A dimensão missionária nasce de uma fé que vai se aprofundando e descobrindo suas implicações, pois a fé não é para alimentar a própria vida, mas para se tornar operativa, dinâmica”, apontou. 

PREOCUPAÇÕES

O Arcebispo de São Paulo também destacou que a nova constituição Praedicate Evangelium, que renovou as estruturas da Cúria Romana, coloca como primeiro organismo o Dicastério para a Evangelização. “A Catequese está situada no serviço da evangelização permanente, o que deixa ainda mais claro o quanto ela é importante para a Igreja. A Catequese, portanto, está no primeiro plano das preocupações da Igreja”, enfatizou. 

Também na Arquidiocese de São Paulo, o panorama da Catequese é preocupante, conforme revelado pela pesquisa de campo do sínodo arquidiocesano, feita em 2019, e pela realidade atual das paróquias. “Eu fico pasmo quando vejo uma paróquia em uma área com 20 mil habitantes tendo de 30 a 35 crianças na Catequese. E me questiono: se cerca de 60% das pessoas são católicas, logo 12 mil pessoas nesse local devem ser católicas, e como somente 35 crianças estão na Catequese? E as outras? Falta organizar mais a Catequese, ir ao encontro das pessoas, preparar os catequistas”, apontou, comentando que o sínodo arquidiocesano deverá trazer alguma diretriz relativa à Catequese na Arquidiocese, não somente à iniciação cristã de crianças e adolescentes, mas para um processo catequético permanente. 

À reportagem, Padre Paulo Gil lembrou que o maior desafio atual para a Catequese é a rotatividade de catequistas: “Sem a perseverança dos catequistas, a ação catequética fica fragilizada. Sem a valorização da presença e dos serviços dos catequistas em nossas comunidades, o processo de iniciação à vida cristã fica falho e prejudica a permanente renovação da Catequese. Para a Arquidiocese, o número de catequistas é insuficiente, nunca será suficiente! Temos um grande campo de missão nesta cidade imensa”. 

ORIENTAÇÕES PRÁTICAS 

Por fim, Dom Odilo fez alguns apontamentos sobre o serviço da Catequese na Igreja, os quais constam em uma carta que ele escreveu aos catequistas da Arquidiocese: 

  • A finalidade da Catequese na Igreja é proporcionar o encontro vivo com Jesus e com Deus; 
  • O catequista é o mediador deste encontro; 
  • A catequese deve levar à expressão da fé, por meio da oração, do testemunho da caridade e da participação na vida da Igreja; 
  • O método da Catequese inclui o testemunho convicto da fé do catequista;

    O catequista é aquele que ajuda o catequizando a se sentir parte da Igreja; 
  • A Catequese não deve se contentar em mostrar o sentido das coisas deste mundo, mas, sim, apresentar o sentido sobrenatural da vida e falar das coisas maiores que só Deus é capaz de fazer. Deve, portanto, ajudar o catequizando a mergulhar no mistério da fé. 
  • A Catequese precisa ser contagiante, despertando nos catequizandos um forte desejo de conhecer Jesus e as coisas de Deus e da Igreja. 
  • A Catequese não deve ser pessimista, mas falar das coisas bonitas da fé e da vida da Igreja. 
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