Se havia alguma dúvida de que o público estava com saudades do Museu do Ipiranga, a resposta veio na manhã da segunda-feira, 5: em dez minutos, todos os 4 mil ingressos gratuitos para os primeiros dias de visitação, de 8 a 11, se esgotaram.
Fechado desde 2013, o Museu foi oficialmente reinaugurado na noite da terça-feira, 6, em uma cerimônia que reuniu autoridades e empresários. Na quarta-feira, 7, a visitação será restrita aos funcionários que trabalharam na obra e a estudantes de escolas públicas pré-selecionados. A visita ao público em geral começará na quinta-feira, 8. A cada segunda-feira, novos lotes de ingressos gratuitos estarão disponíveis no site https://bileto.sympla.com.br.
A partir de 7 de novembro, haverá a cobrança para a entrada no Museu. Os valores ainda serão definidos. A projeção é que, por ano, entre 900 mil e 1 milhão de pessoas visitem o local.
O PROCESSO DE RESTAURO
As obras de restauro, ampliação e modernização do Museu começaram em 2019. O valor total de R$ 211 milhões foi custeado via Lei de Incentivo à Cultura, outros investimentos privados sem incentivo fiscal e aportes públicos.
Quando foi fechado em 2013, o Edifício-Monumento, construído entre 1885 e 1890 no complexo do Parque da Independência, estava bem deteriorado, colocando em risco a preservação dos 450 mil itens e objetos de seu acervo.
Administrado pela Universidade de São Paulo (USP) desde 1963 e tombado pelo patrimônio histórico municipal, estadual e federal, o Edifício-Monumento passou por um meticuloso processo de restauro em sua arquitetura, incluindo os 7.600m² da fachada. Houve ainda o restauro e catalogação das 450 portas e janelas e dos 1.900 m² de assoalhos que revestem os pisos. Novos vidros foram instalados para reter o impacto do calor solar no ambiente interno. Há ainda novidades na iluminação, agora totalmente automatizada e com lâmpadas de LED.
Na parte externa, o tradicional Jardim Francês foi restaurado, com a recuperação de toda a área construída e do paisagismo. A fonte central foi reativada e também houve a recuperação de duas fontes do projeto original.
Quem já esteve no Museu anteriormente perceberá que o espaço está maior, isso porque foi construído um edifício-ampliação, após uma escavação em frente ao prédio, na área de esplanada. O novo espaço tem 6.800m2 e inclui bilheteria, café, loja, auditório para 200 pessoas, espaços para atendimento educativo e uma sala de exposições temporárias.
ACESSIBILIDADE
A ampla acessibilidade física ao Mu- seu está garantida com os elevadores e rampas, mas também a consulta ao acervo está mais acessível.
Ao todo, 379 peças são multissensoriais. “Haverá telas táteis, reproduções em metal, dioramas (maquetes tridimensionais feitas a partir das obras do Museu), plantas táteis para a localização dos visitantes, dispositivos olfativos, reproduções visuais e táteis (reprodução de imagens com aplicações de texturas para o toque), reproduções 3D e em outros materiais semelhantes a objetos originais (como pedra e metal), cadernos em braile, amostras de texturas e objetos originais adquiridos especificamente para o manuseio dos visitantes”, informa a assessoria de imprensa do Museu.
PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS
O Museu restaurado também conta com modernas tecnologias para prevenção e combate a incêndios.
“O sistema de sprinklers adotado é do tipo ‘pré-ação’, com tecnologia que antevê alarmes falsos, evitando disparos acidentais. Já o sistema de detecção de fumaça utiliza a técnica de aspersão (sucção do ar em intervalos fixos) para constante análise, podendo identificar partículas de resíduos queimados que podem pré-anunciar um incêndio”, detalha a assessoria do Museu.
Também houve a modernização do sistema hidráulico e foi implementada uma proteção térmica em toda a estrutura do prédio para evitar a proliferação de um eventual incêndio. Além disso, toda a parte elétrica foi reformada, sendo envolta em uma manta cerâmica, material capaz de reter as altas temperaturas.
O QUE O VISITANTE ENCONTRARÁ?
A principal peça do Museu também foi restaurada: a tela “Independência ou Morte”, feita por Pedro Américo, em 1888, que, com suas dimensões de 415cm x 760cm, é maior do que as portas e janelas do salão nobre do Edifício-Monumento.
O visitante encontrará 12 novas exposições, que contemplam 3.058 itens do acervo, e entre as quais 122 pinturas e duas grandes maquetes: uma delas re- trata o próprio Museu, tal qual foi concebido pelo arquiteto italiano Tommaso Gaudencio Bezzi; a outra é uma representação da cidade de São Paulo como era no ano de 1841.
Das 12 exposições, 11 são de longa duração e estão divididas em dois eixos temáticos. Um deles, chamado de “Para entender a sociedade”, trata dos processos sociais referentes à história do Brasil, imaginário popular, universo do trabalho, ambiente doméstico, formação de identidades e um olhar panorâmico sobre a cidade. Há também o eixo “Para entender o Museu”, com informações sobre a história de construção do edifício, seu ciclo curatorial, obras e objetos em exposição.
“A maior parte das obras expostas data dos séculos XIX e XX, mas há itens mais antigos, que remontam ao Brasil colonial. São pinturas, esculturas, moedas, documentos textuais, fotografias, objetos em tecido e madeira que foram conservados e preparados para fazer parte do novo projeto expográfico”, informa a assessoria.
Também poderá ser vista a exposição “Memórias da Independência”, que estará aberta por quatro meses, com acervos de outras instituições brasileiras, nas quais estão retratadas as diferentes práticas memoriais e comemorativas relacionadas ao processo de Independência, que resultaram em sucessivas celebrações ao longo dos séculos XIX, XX e XXI.
Ao todo são 49 salas expositivas, além de mesas interativas com múltiplos recursos como textos, imagens, monitores audiovisuais e objetos táteis. Para esta semana de abertura, há uma série de projeções e shows musicais. A programação completa e todos os detalhes sobre o Museu podem ser vistos em www.museudoipiranga2022.org.br.