Nas férias e festividades de fim de ano, como fica a COVID-19?

Assim como em 2020, esta época será vivida em meio à pandemia; famílias que estão planejando viajar precisam manter o foco nos protocolos de combate à COVID-19

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O ano está próximo do fim e muitas pessoas já se preparam para as tão sonhadas férias e festas de fim de ano, momentos em que todos querem se reunir com os amigos e a família. Contudo, não se pode esquecer que, apesar do atual cenário brasileiro ter como destaque mais de 60% da população vacinada e queda de casos e óbitos em decorrência da COVID-19, em comparação aos períodos mais críticos, a pandemia ainda não acabou nem está completamente controlada. Por isso, evitar riscos de contaminação ainda se faz necessário.

No estado de São Paulo, por exemplo, em 24 de novembro, a média móvel diária de mortes estava em 61, indicando uma tendência de alta. O valor era 34% maior do que o registrado nas duas semanas anteriores. Houve alta também na média diária de casos, que estava em 1.289, representando um aumento de 10% em comparação a duas semanas anteriores.

DE MALAS PRONTAS

Com a retomada do turismo, ainda que com cautela, muitos moradores da capital paulista e região metropolitana planejam viajar entre o fim de 2021 e o início de 2022. A jornalista Renata Garcia, 46, é uma dessas pessoas. Moradora de Perdizes, zona Oeste, ela viajará com a filha, Ananda, 14, para Rondônia, onde visitarão a família e amigos.

A jornalista Renata Garcia, 46, é uma dessas pessoas. Moradora de Perdizes, zona Oeste, ela viajará com a filha, Ananda, 14, para Rondônia, onde visitarão a família e amigos.

Será a primeira viagem delas desde 2020. “Optamos por viajar porque sabemos que as pessoas já se vacinaram, temos mais conhecimento sobre a COVID-19 e tomamos todos os cuidados possíveis”, afirma Renata, frisando que irá manter o uso da máscara e o distanciamento social.

Renata e a filha ficarão hospedadas na casa de familiares. “Essa opção foi totalmente influenciada pela pandemia. Reduziremos os passeios e visitaremos apenas as pessoas que sabemos que estão se cuidando”, conta Renata, que, mesmo assim, revela certo receio. “O tempo de voo e estar em lugares públicos ainda me incomodam um pouco. Ainda me sinto um pouco apreensiva, mas não neurótica, por estar em contato com muitas pessoas ao mesmo tempo”, afirmou.

Para ela, isso é reflexo da pandemia. “São quase dois anos de isolamento, vendo poucas pessoas e saindo para poucos lugares. Mas precisamos nos adaptar a essa nova forma de viver, pois essa situação planetária ainda vai perdurar por muito tempo”, avaliou.

NENHUM CUIDADO É DEMASIADO

Quem também está de malas prontas para reencontrar a família é a auxiliar do lar, Marisa Rocha, 43. Ela mora em Barueri, na Grande São Paulo, e planeja viajar com a irmã para Minas Novas (MG) na primeira semana de 2022.

“Vamos de ônibus. Precisamos visitar nosso pai e nossos irmãos que ainda moram lá”, conta Marisa. “É bem melhor viajar depois das festas [de fim de ano], porque encontramos os ônibus mais vazios e podemos ir mais tranquilas”.

Ela afirma que, embora seja uma viagem para relaxar, se manterá atenta aos protocolos sanitários para garantir a segurança da família, sobretudo, a do pai, que está com 83 anos de idade.

“É essencial. No momento, não podemos abrir mão disso. Temos que usar máscara e álcool em gel sempre”, reforça Marisa. “Se eu visitar algum lugar e encontrar muita gente [na rua], eu não ficarei em casa com a mesma roupa, vou trocá-la, como faço aqui.”

Ainda sobre os cuidados, Marisa comenta que se prevenir é um ato de responsabilidade coletiva. “Porque a saúde não é só minha, eu tenho que cuidar da minha saúde e da saúde do meu próximo”.

Outro cuidado que está no planejamento da auxiliar é se hospedar em uma casa da família que não está sendo habitada. “É o correto ficarmos nela, até mesmo para mantermos certo distanciamento nos primeiros dias.”

Marisa está considerando fazer, antes da viagem, um teste laboratorial para ter certeza de que não está com o vírus da COVID-19. “Quero fazer [o teste] antes de embarcar porque é uma segurança, não só pra quem vou visitar, mas para mim também”, comenta Marisa, acrescentando que, se necessário for, fará outro teste ao chegar à cidade de destino.

RESTRIÇÕES NO TURISMO

Para quem está pensando em viajar para outras cidades e contratar serviços de hospedagem, é importante atentar-se à flexibilização das medidas restritivas em cada região. Além do mais, é fundamental checar as restrições do lugar de destino, conferindo as informações e orientações da prefeitura local, que podem sofrer alterações.

Até os destinos mais procurados como a cidade do Rio de Janeiro, que tem a mais famosa queima de fogos na praia de Copacabana, pode ter mudanças nas medidas protetivas.

Embora a prefeitura carioca tenha confirmado, na quinta-feira, 25 de novembro, que manterá os planos para o réveillon e carnaval do próximo ano, alegando que não há evidência científica que indique a necessidade de restrição à realização de eventos na cidade, a pasta continuará monitorando o panorama epidemiológico para avaliar se haverá necessidade de alterações.

A Prefeitura de Gramado (RS) também está mantendo a programação de fim de ano. O 36º Natal Luz da cidade, iniciado em 28 de outubro, prossegue até 30 de janeiro de 2022. Contudo, a programação ao ar livre é restrita na quantidade de público e segue o protocolo de turismo do Ministério da Saúde.

CANCELAMENTO DO CARNAVAL

Mesmo com o avanço da vacinação, por receio de uma nova onda de propagação da COVID-19, algumas cidades brasileiras decidiram cancelar o carnaval de 2022.

No estado de São Paulo, mais de 70 cidades já optaram pelo cancelamento. Entre elas, Jundiaí, Mogi das Cruzes, Poá e até São Luiz do Paraitinga, que promove uma das folias de rua mais tradicionais do carnaval.

“O atual momento ainda requer atenção, cautela e responsabilidade de nossa parte, pois ainda não oferece a devida segurança, não sendo propício para um evento de tamanha magnitude”, diz um trecho que consta na nota da prefeitura.

USO DE MÁSCARA

Uma das medidas sanitárias que têm seguido especificações locais é o uso de máscaras.

Em 24 de novembro, o governador de São Paulo, João Doria, anunciou que a partir do dia 11 de dezembro o estado vai flexibilizar o uso de máscaras de proteção em locais abertos. A decisão final, porém, caberá a cada prefeitura. O governo paulista, no entanto, já declarou que poderá rever a decisão diante de casos de COVID-19 com a variante Ômicron do coronavírus.

A primeira capital brasileira a adotar a não obrigatoriedade do uso em locais abertos foi o Rio de Janeiro, onde a medida está em vigor desde 28 de outubro.

Muitos países europeus que flexibilizaram o uso da máscara, com base no avanço da vacinação, estão voltando com a medida. Entre eles, Holanda, Alemanha, Inglaterra e recentemente França, que, além da máscara, adotará novas medidas como a distribuição de doses de reforço, para frear a recente onda de casos da doença.

“Em toda esta pandemia, a Europa foi uma janela para o futuro das Américas”, advertiu a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Carissa F. Etienne. “O futuro está se revelando diante de nós e deve ser um alerta para nossa região”, acrescentou.

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