No ‘Dia de Finados’, católicos testemunham a fé na vida eterna e rezam por seus falecidos

Luciney Martins/O SÃO PAULO

No dia 2 de novembro, os católicos celebram a Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, popularmente conhecido como “Dia de Finados”, ocasião de recordar e oferecer orações pelos falecidos. 

Por isso, a Arquidiocese de São Paulo, por meio das regiões episcopais, organizou uma programação especial para celebrações de missas nos cemitérios da capital paulista, mobilizando os sacerdotes não apenas das paróquias que possuem cemitérios em seus territórios, como os das paróquias vizinhas, de modo que todos os fiéis poderão oferecer missas em sufrágio dos seus entes falecidos. Também em todas as paróquias serão celebradas missas pelos fiéis defuntos. 

A programação completa pode ser vista no portal da Arquidiocese de São Paulo. 

CORPO DE CRISTO 

A Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos ocorre no dia seguinte à Solenidade de Todos os Santos e está diretamente ligada ao dogma da comunhão dos santos, por meio do qual se compreende os três estados que constituem a Igreja, corpo místico de Cristo, como explica o Catecismo da Igreja Católica (CIC): 

Igreja militante: constituída por todos aqueles batizados que estão vivos e peregrinam neste mundo e caminham para a eternidade celeste; 

Igreja padecente: formada por aqueles que “morreram na graça da amizade, mas não estão de todo purificados, sofrem depois da morte uma purificação, a fim de obterem a santidade necessária para entrar na alegria do céu”, isto é, o purgatório (CIC, 1030). 

Igreja triunfante: constituída por todos aqueles bem-aventurados que estiverem purificados e contemplam Deus face a face no céu, “o estado de felicidade suprema e definitiva” (CIC, 1024). 

SUFRÁGIO 

Em 2 de novembro, portanto, os católicos são chamados a rezar pelas almas que ainda não chegaram ao Céu, mas estão se purificando no Purgatório, a fim de um dia poderem contemplar Deus face a face. 

No Catecismo, o Purgatório é definido como o tempo de purificação daqueles “que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida sua salvação eterna”. 

A doutrina católica do Purgatório foi definida solenemente no Concílio de Florença, que perdurou de 1431 a 1445. A fé da Igreja na existência do Purgatório se baseia, principalmente, na prática, que vem desde os primórdios do Cristianismo, de rezar pelos mortos, além de se basear no Segundo Livro de Macabeus, que demonstra a necessidade de rezar e fazer sacrifícios pelos que já morreram, “a fim de que fossem absolvidos de seu pecado (2Mc 12,46). 

Na constituição dogmática Lumen gentium, na referência à união da Igreja celeste com a Igreja peregrina, indica-se que “todos os que são de Cristo e têm o seu Espírito estão unidos numa só Igreja e ligados uns aos outros nele (cf. Ef 4,16). E, assim, de modo nenhum se interrompe a união dos que ainda caminham sobre a terra com os irmãos que adormeceram na paz de Cristo”. 

INDULGÊNCIA 

Portanto, a oração dos fiéis por aqueles que faleceram não é apenas uma recordação saudosa, mas uma viva expressão da fé no mistério da salvação e da ressurreição da carne. 

É por essa razão que a Igreja concede várias indulgências a serem aplicadas às almas que padecem no Purgatório. A indulgência é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida aos pecados já perdoados quanto à culpa que o fiel, devidamente disposto e em certas e determinadas condições, alcança por meio da Igreja. 

Nesse caso, a indulgência pode ser obtida com uma visita ao cemitério entre os dias 1º e 8 de novembro, com uma oração pelos defuntos e pelo Papa, além da confissão sacramental e comunhão. 

SANTO SACRIFÍCIO 

Das orações em sufrágio das almas dos falecidos, a missa é, sem dúvida, a mais importante, uma vez que consiste no memorial do santo sacrifício da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo. “É por este sacramento que nos unimos a Cristo, o qual nos torna participantes de seu Corpo e de seu Sangue para formarmos um só corpo”, destaca o Catecismo, afirmando, ainda, que a comunhão eucarística é “o sentido primário da comunhão dos santos… pão dos anjos, pão do céu, remédio de imortalidade, viático…” (CIC, 1331). 

Desse modo, cada vez que um sacerdote preside uma missa e oferece, na pessoa de Jesus Cristo, o único e eterno sacrifício redentor, unindo o céu e a terra, o faz em favor de toda a Igreja, ou seja, dos santos, dos falecidos e de todos os fiéis que se reúnem em torno do altar. 

A respeito do valor da missa em sufrágio das almas, São Leonardo de Porto Maurício dizia: 

“Quereis uma prova de que a missa traz alívio às pobres almas? Ouvi um dos mais sábios doutores da Igreja, São Jerônimo: ‘Durante a celebração de uma Missa por uma alma sofredora, esta alma pode ser preservada de todo ou em parte da pena do fogo. Em cada Missa que se celebra, diversas almas são livres do purgatório. Refleti ainda nisto: a vossa caridade por estas almas será de muita vantagem para vós. Ó missa bendita, és útil há um tempo para os vivos e os mortos! No tempo e na eternidade!’”. 

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