Papa Francisco completa 86 anos e diz: ‘Governa-se com a cabeça, não com o joelho’

Vatican Media

Com celebração contida, entre pobres e artistas, o Papa Francisco completou 86 anos no sábado, 17. Apesar da dificuldade de locomoção por causa dos problemas e dores no joelho, ele diz: “Governa-se com a cabeça, não com o joelho”, de acordo com entrevista publicada no fim de semana pelo jornal espanhol ABC

No dia do aniversário, pela manhã, encontrou um grupo de pessoas assistidas pelo Dicastério para o Serviço à Caridade e conferiu um prêmio, com o nome de Santa Madre Teresa, a três pessoas que se destacam no cuidado aos mais pobres e moradores de rua. Depois, encontrou-se com um grupo de músicos e artistas que realizam um concerto de Natal pela paz, neste fim de ano. 

CARTA DE RENÚNCIA 

Embora esteja em boa saúde, o Papa Francisco revelou, na entrevista, que deixou assinada uma carta de renúncia a ser usada somente em caso de um problema grave de saúde que o impossibilite de governar. Ele a entregou nas mãos do antigo Secretário de Estado da Santa Sé, o Cardeal Tarcisio Bertone, no início de seu pontificado – e acredita que, hoje, o documento esteja com o atual Secretário de Estado, o Cardeal Pietro Parolin. “É a primeira vez que digo isso”, afirmou Francisco. 

É um gesto que também o Papa Paulo VI havia feito. Em caso de impedimento médico, a carta poderia ser apresentada por uma pessoa de confiança do Pontífice, para que a Igreja possa eleger um novo Papa. Também o Papa Pio XII teria assinado um documento parecido, mas neste caso a renúncia se tornaria válida se ele fosse capturado pelos nazistas. 

PASSOS LENTOS 

Jorge Mario Bergoglio nasceu em 17 de dezembro de 1936 e se tornou Papa em 13 de março de 2013, aos 76 anos. Em março de 2023, completará dez anos de pontificado. Hoje, quem acompanha o dia a dia do Papa Francisco percebe que a falta de mobilidade fez com que ele tivesse que se adaptar. É mais difícil para ele estar no meio das pessoas ou até mesmo presidir uma celebração. 

Entretanto, o ritmo de suas atividades não diminuiu muito mais do que o esperado para a sua idade. Ele mantém uma rotina de encontros e audiências diárias e pretende viajar para a República Democrática do Congo e o Sudão do Sul, em fevereiro – viagem que teve que adiar duas vezes no passado, por causa da pandemia e pelas dores no joelho. 

Repercutiu na Itália a notícia de que o médico do Papa é o espanhol Josè María Villalón, conhecido por tratar jogadores de futebol do time Atlético de Madri. A situação, que parecia ter piorado no início de 2022, hoje já é bem melhor: embora esteja a maior parte do tempo sentado ou em cadeira de rodas, Francisco já caminha a pequenas distâncias e se levanta em alguns momentos, com passos lentos. 

“A decisão de não operar foi acertada”, disse o Pontífice em entrevista ao ABC. Em outras ocasiões, ele explicou que a anestesia, em sua idade, seria um fator de risco muito elevado. Segue um tratamento intensivo de fisioterapia, dieta e exercícios. 

Perguntado pelos jornalistas sobre qual presente gostaria de receber neste ano, ele respondeu: “A paz no mundo. Quantas guerras existem! Aquela na Ucrânia nos atinge mais de perto, mas pensemos também em Mianmar, no Iêmen, na Síria, onde se combate já há 13 anos…”, lamentou. 

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