Unidas a Deus, elas amaram seus filhos até o fim

Santas Mônica, Rita de Cássia e Gianna Berreta Molla testemunham o verdadeiro amor de mãe

“Mãe”. Essa palavra tão curta, quase sempre é acompanhada de muitos adjetivos afetivos a cada mulher que se abre ao dom da vida e aos cuidados com os filhos, desde quando eles são concebidos até quando a vida dela chega ao fim.

Alegrias, angústias e incertezas envolvem a maternidade, mas, também, um forte laço de união dessas mulheres com Deus, como testemunharam três mães que foram canonizadas pela Igreja. A seguir, o jornal O SÃO PAULO recorda suas biografias, em homenagem ao Dia das Mães, comemorado no segundo domingo de maio.

SANTA MÔNICA: O PODER DA ORAÇÃO DE UMA MÃE POR SEU FILHO

Assídua à oração, à frequência aos sacramentos e à missa, Santa Mônica (331-387), nascida em Tagaste, no atual território da Argélia, casou-se aos 22 anos de idade com Patrício. Ela é sempre descrita como doce, benévola e disposta ao diálogo; Ele, como ambicioso e possessivo. Tiveram três filhos: Navígio, Perpétua e Agostinho, o primogênito, a quem a mãe dedicou incessantes anos de oração para que se reencontrasse na fé cristã com a qual foi educado na infância.

“Deus ouviu as preces desta santa mãe, à qual o Bispo de Tagaste dissera: ‘É impossível que se perca um filho de tantas lágrimas’. Na verdade, Santo Agostinho não só se converteu, mas decidiu abraçar a vida monástica e, regressando para a África, ele mesmo fundou uma comunidade de monges (…) Durante anos, o seu único desejo tinha sido a conversão de Agostinho, que agora via orientado até para uma vida de consagração ao serviço de Deus”, recordou o Papa Bento XVI, na reflexão do Ângelus de 30 de agosto de 2009.

Santa Mônica, que ficara viúva aos 39 anos de idade, morreu aos 56 anos. Seus últimos diálogos com Agostinho, na cidade de Óstia, na Itália, quando aguardavam para voltar à África, são reveladores da alegria da mãe em vê-lo abraçar verdadeiramente a fé cristã: “As minhas expectativas aqui na terra já se esgotaram. Somente uma coisa me fazia permanecer aqui embaixo… ver, antes de morrer, que você [Agostinho] se tornou cristão católico. Meu Deus me satisfez completamente, porque vejo que você até despreza a felicidade terrena para servir a Ele”.

Ao escrever sobre sua mãe, Santo Agostinho enfatizou: “Ela foi o meu alicerce espiritual, que me conduziu em direção à fé verdadeira. Minha mãe foi a intermediária entre mim e Deus”.

Canonizada pelo Papa Alexandre III, no ano de 1153, Santa Mônica é a Padroeira das mães cristãs, justamente por ter sido a responsável pela conversão do filho.

SANTA GIANNA BERETTA MOLLA: FIRME TESTEMUNHO DO SIM À VIDA

Médica pediatra e cirurgiã bem-sucedida na região de Milão, na Itália, Gianna Beretta Molla (1922-1962) tinha uma vida estabilizada e feliz com o esposo, Pedro Molla, e os filhos Pedro Luís, Mariolina e Laura, quando ficou grávida pela quarta vez, em 1961.

Ao final do segundo mês de gestação, porém, uma notícia abalou a tranquilidade daquele lar cristão: Gianna fora diagnosticada com um fibroma no útero, o que tornou sua gravidez de altíssimo risco. Recebeu a recomendação médica de abortar a criança, mas recusou veementemente essa indicação.

A mulher de 39 anos, que na juventude integrou a Ação Católica e se dedicou à caridade com os idosos e os necessitados nas conferências vicentinas, prosseguiu com a gravidez e a todos externou um pedido: “Se deveis decidir entre mim e o filho, nenhuma hesitação: escolhei – e isto o exijo – a criança. Salvai-a”.

Em 21 de abril de 1962, nasceu Joana Manuela. A criança e a mãe permaneceram internadas. A menina sobreviveu, mas Gianna faleceu uma semana depois. Em seu leito de dor, repetia em oração: “Jesus eu te amo, eu te amo”. Conforme a biografia escrita por seu esposo, Gianna se considerava “apenas o instrumento da Providência para que aquela nova criaturinha viesse ao mundo”.

Considerada a Padroeira da defesa da vida, Santa Gianna Beretta Mola foi canonizada por São João Paulo II em 16 de maio de 1994. “Esta santa mãe de família manteve-se heroicamente fiel ao compromisso assumido no dia do Matrimônio. O sacrifício eterno que selou a sua vida dá testemunho de que somente quem tem a coragem de se entregar totalmente a Deus e aos irmãos se realiza a si mesmo”, disse o Pontífice na ocasião.

SANTA RITA DE CÁSSIA: INTENSA MATERNIDADE FÍSICA E ESPIRITUAL

Às mães de todo o mundo, Santa Rita de Cássia (1371-1447) ensina que é mais importante pedir a Deus a salvação eterna de um filho do que seu triunfo momentâneo.

Nascida em uma família de humildes camponeses de Úmbria, na Itália, Margarida Lotti recebeu formação escolar e religiosa dos frades Agostinianos na cidade de Cássia. Ainda na adolescência, Rita, como era mais conhecida, casou-se com Paulo de Ferdinando de Mancino, sempre envolto em rivalidades políticas e que tinha uma vida desorientada. Ela sempre rezou para que o esposo se convertesse e isso aconteceu, mas as inimizades que ele cultivou ao longo da vida culminaram com seu assassinato.

Desde então, a oração de Rita foi para que seus filhos, Giangiacomo e Paulo Maria, não buscassem vingar a morte do pai, e, assim, não houvesse mais derramamento de sangue na família. Incessantemente, ela pedia a Deus para que os filhos não cometessem o pecado mortal de assassinar alguém, preferia até que Deus os lavasse para Si. Não demorou muito para que ambos adoecessem. Antes de morrerem, converteram-se cristãos e concederam o perdão ao assassino do pai.

Já sem familiares vivos, Rita ingressou no Mosteiro de Santa Maria Madalena de Cássia, onde permaneceu até o fim da vida assistindo a idosos, enfermos e pobres.

“A lição da Santa concentra-se nestes elementos típicos de espiritualidade: a oferta do perdão e a aceitação do sofrimento, não já por uma forma de passiva resignação ou como fruto de feminina debilidade, mas em virtude daquele amor por Cristo”, declarou São João Paulo II, em 1982. “Rita interpretou bem o ‘gênio feminino’, viveu-o intensamente na maternidade tanto física como espiritual”, afirmou o São João Paulo II no ano 2000, quando se comemorou o centenário da canonização da Santa, ocorrida em 24 de maio de 1900.

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