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Nas periferias Norte e Noroeste, lixo comum, recicláveis e volumosos se acumulam em vias públicas

Pontos viciados de lixo na Rua Ushikichi Kamiya, no Jardim Fontalis (Luciney Martins/O SÃO PAULO)

Quem anda pelos extremos das zonas Norte e Noroeste de São Paulo tem se deparado com sacos de lixo comum e de varrição, bem como recicláveis e volumosos pelas calçadas e praças, conforme relataram ao O SÃO PAU­LO moradores de alguns bairros.

Emídio Vicente Neto vive no Jardim Elisa Maria, no Distrito da Brasilândia, desde 1972. À reportagem, ele afirmou que constantemente os bueiros estão entupidos e que há sacos de lixo de varrição em pontos de ônibus e de lixo comum pelas esquinas. Sobre a coleta de recicláveis, assegurou: “Eu nunca vi passar o caminhão de recicláveis aqui na minha rua, a Agenor Alves Meira, e se está passando em outras, acredi­to que pouca gente saiba, porque não há divulgação por parte da Prefeitura”.

Ele comentou, ainda, que em anos anteriores teve problemas para entre­gar itens nos ecopontos da região. “Eu fiz umas reformas aqui em casa, colo­quei o entulho na perua, fui aos eco­pontos e não aceitaram. Muita gente passa pelo mesmo problema e alguns, que não têm muita consciência social e ambiental, acabam deixando no meio da rua mesmo”, lamentou.

Lixo comum e recicláveis acumulados nas ruas do Jardim Elisa Maria (foto: Emídio Vicente)

‘Não passa caminhão de reciclagem aqui’

No bairro vizinho, o Jardim Da­masceno, Quintino José Viana, fun­dador do Movimento Ousadia Po­pular e ativista ambiental, relatou problemas similares: “Até hoje não passa caminhão de reciclagem aqui, e o de lixo comum a gente nunca sabe o horário certo que vai passar”.

Ainda segundo Quintino, essa fal­ta de regularidade no serviço resulta em outros problemas: “Muitos cata­dores reviram o lixo somente para tirar o que querem e o resto jogam no chão. Daí a Prefeitura vem para fazer a varrição das ruas no máximo duas vezes por mês, o lixo vai se acumu­lando, para nas bocas de lobo, e de­pois polui os riachos e rios”.

O líder comunitário também mencionou o acúmulo de lixo, re­cicláveis e volumosos em pontos viciados na região e em frente às ocupações de moradia, nas quais os caminhões de coleta não entram.

Para tentar mudar este cenário, Quintino tem buscado conscientizar os moradores em palestras educativas: “Reciclando, a gente vai salvar a terra, evitar a erosão, não vai prejudicar nos­sas águas, nem nossa saúde, e ainda vai gerar emprego para o povo”.

Sem coleta de recicláveis e com muitos pontos viciados

Moradora do Jardim Fontalis, no Distrito Jaçanã/Tremembé, Maria Madalena Figueiredo separa em casa os resíduos que podem ser reciclados, mas garante: “Aqui não passa o cami­nhão de coleta de recicláveis uma vez por semana como diz a Prefeitura”.

Diante disso, a conselheira de saú­de e de habitação entrega os reciclá­veis a catadores autônomos. Alguns deles também fazem o serviço de re­colher os volumosos – como móveis e colchões –, mas é comum encontrar tais itens nos pontos viciados de des­carte os quais, segundo ela, são am­plificados pelo fato de os caminhões não entrarem para fazer a coleta do lixo comum nem a do reciclável nas ocupações habitacionais.

“A própria população não respeita o meio ambiente. Nas encostas e nos morros que beiram as ruas há mui­to lixo acumulado”, lamentou. Maria Madalena assegurou haver ao menos quatro pontos viciados de lixo na Rua Ushikichi Kamiya, a principal via do bairro: “A gente já conversou com os moradores sobre isso, já fizemos pan­fleto, mas não adianta”.

Segundo ela, de tanto alguns mo­radores ligarem para o Serviço 156, a Prefeitura, por vezes, tem feito a lim­peza dos pontos viciados, mas não demora muito para que se verifique o acúmulo de lixo novamente. “Esta é uma questão de educação ambiental. A Prefeitura precisa fazer algo nesse sentido, além de nos atender correta­mente, mas o povo também tem de fazer a sua parte”, concluiu.

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