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‘O catador pode ser um agente de transformação e de educação’

Alexandre Domingos participa do Pimp My Carroça (fotos: Arquivo pessoal)

Aos 8 anos de idade, ao ver as condições financeiras de sua família, Alexandre Domingos começou a coletar recicláveis para revender. Hoje, com 48 anos, ele é referência na luta por melhorias para esta categoria profissional da qual muito se orgulha.

No Distrito do Jaçanã/Tremem­bé, na zona Norte de São Paulo, Ale­xandre é mobilizador social da ONG Pimp My Carroça, que atua pelo re­conhecimento social e melhorias aos catadores de material reciclável, por meio do projeto Coletando com Ci­dadania, realizado na Associação Mu­tirão, no Jardim Filhos da Terra, pelo qual cerca de 30 catadores autônomos participam de cursos com o apoio da Rede Sul – Coopercaps e da Tetra Pak.

“Eles trabalham carregando ape­nas uma sacola, pois a topografia da­qui é muito íngreme. Não temos dúvi­das de que o catador, em seu território, pode ser um agente de transformação e de educação quando está munido de conhecimento”, avaliou.

“Muito morador se incomoda com o acúmulo em ruas e vielas dos resí­duos que ele mesmo gerou. E se não existe uma gestão do resíduo, espe­cialmente nos lugares de difícil aces­so, em que o caminhão de coleta nem chega, se estabelece esse problema que é comum nos extremos da cida­de. Por isso, ter o catador de material reciclável como agente neste território é uma boa solução”, analisou.

Coletando com Cidadania busca dar dignidade aos catadores de recicláveis

Alexandre, que participa de di­ferentes atividades de educação am­biental, destaca ser fundamental que o poder púbico invista em educação para a cultura de reciclagem. “Mas não basta só uma avalanche de infor­mações. É preciso uma educação que gere atitudes. Quando você visita uma central de triagem de recicláveis e sen­te o cheiro ruim, entende que somen­te falar para as pessoas separarem os recicláveis não adianta. Elas ainda não adquiriram a cultura de limpar a em­balagem do que consumiram”, exem­plificou, destacando que a eficácia das ações de reciclagem não deve ser men­surada apenas pelo volume de mate­rial coletado pelas concessionárias.

O catador de recicláveis também defendeu que a Prefeitura e as conces­sionárias façam parcerias com esses profissionais para a entrega de reci­cláveis e volumosos nos ecopontos: “Acredito que 90% dos recicláveis na cidade são recolhidos pelos catadores autônomos. Estamos em todos os ter­ritórios e conhecemos os bairros onde moramos e trabalhamos”.

Por fim, ele lembrou que entre as consequências prejudiciais do des­carte incorreto de resíduos estão a formação dos pontos viciados de lixo e o acúmulo de volumosos próximos a corpos de água e áreas verdes. Para quem tem muitos recicláveis ou volu­mosos para ser descartados, Alexan­dre recomenda o uso do App Cataki, desenvolvido pela Pimp My Carroça, pelo qual é possível contratar direta­mente um catador de material reciclá­vel cadastrado na plataforma.

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