No dia da trasladação dos restos mortais de Francisco para São Pedro, o vigário geral da diocese de Roma conduziu a oração mariana no Sagrado da Basílica de Santa Maria Maior. As velas aos pés da ‘Salus Populi Romani’ e os corações dos fiéis: embora provados, ainda iluminados pela luz da “fé”. A vida, e não a morte, enfatiza o cardeal Baldo Reina, “é a última palavra”.
Os discípulos de Emaús, figuras perdidas no crepúsculo da fé, tornam-se o rosto da Igreja em caminho, cansada pela dor e, às vezes, incapaz de reconhecer o Ressuscitado “no momento da provação”. É assim que o cardeal Baldo Reina, vigário geral da Diocese de Roma, descreve a comunidade eclesial reunida em oração ao redor do Papa Francisco, que retornou à Casa do Pai na segunda-feira, 21 de abril.
No silêncio cheio de memória que acompanha estes dias, o amor do povo de Deus não se apaga. Ele se torna um gesto, uma voz, torna-se o Rosário. No Sagrado da Basílica de Santa Maria Maior, em Roma – onde o Pontífice pediu para ser sepultado – os fiéis se reúnem diante da Salus Populi Romani, o ícone mariano tão caro a ele, que também na noite desta quarta-feira (23/04), ao lado de sua imagem, vigia a oração.

“A vida é a última palavra”
“A experiência pascal”, disse o cardeal Reina ao apresentar os Mistérios Gloriosos do Rosário, “traz uma resposta sempre nova para aqueles que questionam sobre o significado do sofrimento e da morte”. Palavras que se tornam uma carícia para um povo cansado, um “coração” coletivo que certamente está “provado”, talvez “apagado”, mas que deixa passar a luz quando permite que “a fé o ilumine”. A Salus, diante da qual o Papa rezou antes e depois de cada Viagem Apostólica, é agora invocada com mais força do que nunca. Para que essa “dor” possa se transformar em “esperança”. Porque – lembra o vigário – “a vida”, e não a ‘morte’, “é a última palavra”.

O vazio que se torna caminho
Durante todo o dia, uma fila silenciosa e comovida passava pela Porta Santa da Basílica de São Pedro, como uma peregrinação da alma em direção a um último e íntimo adeus ao Papa; enquanto os visitantes da Capela Paulina, o coração de Santa Maria Maior, os passos se tornaram mais lentos, o silêncio mais profundo. Em meio à memória, os fiéis rezavam no local onde Francisco descansará. E transformavam o vazio em um caminho, como desejava o cardeal Reina. Assim como o Papa Francisco ensinou, até o fim.
Fonte: Vatican News