20 missionários são mortos em 2023, a maioria no continente africano

Vítimas de sequestros ou de atos de terrorismo; alvejados em meio a tiroteios ou outros tipos de episódios de violência, 20 missionários católicos foram assassinados no ano de 2023, conforme revelado pelo dossiê anual da Agência Fides.

Foto: Peakpx

Os dados publicados no especial da Agência Fides, curados por Stefano Lodigiani, retratam vidas comuns interrompidas pela cotidiana oferta do simples testemunho do Evangelho de pastores, catequistas, agentes de saúde, animadores da liturgia e da caridade.

A lista inclui 1 bispo, 8 sacerdotes, 2 religiosos não-sacerdotes, 1 seminarista, 1 noviço e 7 leigos e leigas.

Em comparação com o ano passado, foram mortos mais dois missionários, mas como recorda Fides, os dados compilados permanecem abertos a atualizações e correções.

O número mais elevado é registrado na África, onde foram assassinados 5 sacerdotes, 2 religiosos, 1 seminarista, 1 noviço. Nas Américas, 1 bispo foi morto, bem como 3 sacerdotes e 2 leigos. Na Ásia foram 4 assassinatos entre homens e mulheres leigos mortos; e na Europa houve o assassinato de 1 missionário leigo.

OCORRÊNCIAS

Na África, foram mortos missionários na Nigéria, em Burkina Faso e na Tanzânia; na América, as mortes ocorreram no México e nos Estados Unidos; na Ásia, foram nas Filipinas e na Palestina; na Europa, um registro na Espanha.

Os mortos foram vítimas de sequestros ou de atos de terrorismo, envolvidos em tiroteios ou violência de vários tipos.

Desde sacerdotes que estavam indo celebrar a Missa ou realizar atividades pastorais em alguma comunidade distante – como aconteceu com padre Jacques Yaro Zerbo, assassinado por homens armados não identificados, na região de Boucle du Mouhoun, em Burkina Faso – até agressões à mão armada perpetradas em ruas movimentadas ou a ataques a casas paroquiais e conventos onde os missionários estavam empenhados na evangelização, na caridade e na promoção humana. Foi o que aconteceu com padre Stephen Gutgsell, assassinado com uma arma branca na canônica da Igreja de Fort Cahloun, em Nebraska, nos Estados Unidos.

No México, as jovens catequistas Gertrudis Cruz de Jesús e Gliserina Cruz Merino foram mortas no Estado de Oaxaca durante uma emboscada quando se dirigiam para uma procissão eucarística.

Na Palestina, Samar Kamal Anton, e sua mãe, Nahida Khalil Anton, foram atingidos por franco-atiradores enquanto caminhavam em direção ao convento das Irmãs de Madre Teresa em Gaza. Juntamente com outras mulheres católicas e ortodoxas, empenharam-se num caminho de fé e de apostolado especialmente em favor dos pobres e de pessoas com deficiência.

Na Espanha, Diego Valencia, leigo, sacristão da Paróquia de Nuestra Señora de La Palma, em Algeciras, província de Cádiz, foi morto por um jovem marroquino armado com um facão, que também feriu outras pessoas.

HISTÓRICO

 

Segundo Fides, entre 2001 e 2022, 544 agentes pastorais foram mortos.  Cerca de 115 na década 1980-1989; 604 entre 1990 e 2000, década em que ocorreu o genocídio ruandês que causou pelo menos 248 vítimas entre o pessoal eclesiástico.

O dossiê Fides não diz respeito apenas aos missionários ad gentes em sentido estrito, mas leva em consideração todos os batizados envolvidos na vida da Igreja que morreram de forma violenta, mesmo quando isso não ocorre expressamente “por ódio à fé”. 

“Por isso – lê-se no relatório – prefere-se não usar o termo mártires, exceto no seu significado etimológico de testemunhas, para não entrar em mérito ao juízo que a Igreja poderá eventualmente dar sobre alguns deles, propondo-os, depois de um exame cuidadoso, para beatificação ou canonização”.

A lista da Fides usa o termo “missionário” em referência a cada batizado porque, como escreveu Francisco na Exortação Apostólica Evangelii gaudium, “cada batizado é sujeito ativo da evangelização”.

“Ainda hoje – disse o Papa no Angelus do passado dia 26 de dezembro, festa de Santo Estêvão, o protomártir – há ainda – e são muitos – aqueles que sofrem e morrem para dar testemunho de Jesus (…). A semente dos seus sacrifícios, que parecia morrer, brota e dá fruto, porque Deus, através deles, continua a fazer maravilhas (cf. At 18, 9-10), a mudar os corações e a salvar os homens.”

Fontes: Vatican News e Agência Fides

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