‘A pequena via’: o caminho de santidade ensinado por Santa Teresinha do Menino Jesus

Santa Teresinha do Menino Jesus (reprodução da internet)

Sem dúvida, “História de uma alma”, a autobiografia de Santa Teresinha do Menino Jesus, é um livro que inspira cristãos e até mesmo não cristãos a perceberem a grandeza de Deus que age nas pequenas coisas.

Nessa obra é apresentado o principal legado da jovem carmelita francesa proclamada doutora da Igreja: a chamada “Pequena via”, caminho de santidade que ela propõe a partir da busca da vontade de Deus nas coisas mais simples do dia a dia.

Esse caminho de santidade é também conhecido como “infância espiritual”, por se inspirar nas palavras de jesus aos discípulos: “Em verdade vos digo, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus” (Mt 18,3).

‘Elevador’

Frei Patrício Sciadini, Sacerdote carmelita descalço e autor de inúmeros livros de espiritualidade, recorda que a pequena via nasce de uma determinação de Santa Teresinha que diz a si mesma: “Buscarei um caminho novo, que seja um pequeno caminho, direto, curto, totalmente novo”

“Qual é este caminho? A imagem do elevador lhe sugere este caminho fácil… Sem esforço se sobe até o último andar. O que é o elevador? São os braços de Jesus que a levam até o próprio Jesus sem esforço, é a confiança, a simplicidade, o abandono”, afirmou o Frade.

O Carmelita acrescentou que o caminho de santidade indicado por Teresinha é para todos. “Ninguém está excluído, ninguém é incapaz de chegar assim ao coração de Deus. Para percorrer este caminho não é preciso crescer, mas permanecer sempre pequena”, acrescentou, recordando as palavras da própria Santa.

Segundo a Doutora da Igreja, tal caminho, leva a ser somente amor no coração da Igreja, a vocação que ela buscava realizar em sua vida. “Deus não precisa das nossas ações, mas do nosso AMOR que é a mais bela ação que podemos fazer, é a nossa missão que transforma antes nós mesmos e depois a humanidade”, completou Frei Patrício.

Evangelho vivo

Quando Santa Teresinha foi canonizada, em 17 de maio de 1925, o Papa Pio XI disse que ganhou um presente durante seu pontificado. “Teresa, a nova Santa, tendo absorvido vivamente a doutrina evangélica, a traduziu na prática da vida cotidiana, seja com a palavra, seja com o exemplo e ensinou às noviças do seu mosteiro a via da infância espiritual, e a todos os outros por meio dos seus escritos: escritos que, difundidos em todo o mundo, ninguém lê sem desejar reler mais e mais vezes, com máxima alegria”, escreveu o Pontífice à época.

Em outro trecho da homilia, Pio XI exaltou os dons de alegria e humildade de Santa Teresinha. “Na memória da virgem de Lisieux eram bem impressos os convites e as promessas do Divino Esposo: ‘Venham a mim os pequeninos.’ Teresa, consciente da própria fragilidade, confiou na Providência Divina a fim de que, apoiando-se unicamente na sua ajuda, pudesse chegar à santidade perfeita da vida, tendo decidido viver com a total e alegre abdicação da própria vontade.”

Conhecida em todo o mundo

Teresinha morreu de tuberculose aos 24 anos no Carmelo de Lisieux, na França. A basílica na cidade francesa dedicada a ela é o segundo lugar com maior número de fiéis na França, ficando atrás somente de Lourdes.

A fama mundial de Santa Teresinha se deve, seguramente, ao fato de que ela deixou manuscritos sobre a sua vida e doutrina espiritual, publicados por sua irmã.

Publicado pela primeira vez em 1898, “História de uma alma” é sua obra mais conhecida. Além dela, Santa Teresinha escreveu poesias, obras teatrais, cartas e orações que recontam o itinerário espiritual de uma pessoa que teve uma vida curta, mas intensa, e um caminho espiritual que, com certeza, seria trilhado por pessoas de diferentes lugares do mundo.

10 ensinamentos do Papa Francisco sobre Santa Teresinha

Inúmeras vezes, o Papa Francisco manifestou publicamente sua devoção pessoal a Santa Teresinha do Menino Jesus. Durante sua visita ao Carmelo de em Antananarivo, em Madagascar, em 2019, o Pontífice partilhou com as monjas sua devoção e elencou alguns ensinamentos que aprendeu daquela que ele considera “uma amiga fiel”:

1. “A caridade nas coisas pequenas e nas coisas grandes. O caminho da perfeição se encontra nesses pequenos passos no caminho da obediência”.

2. “A coragem de dar pequenos passos, a coragem de crer que na minha pequenez Deus é feliz e Deus trará a salvação do mundo”.

3. “Se você quiser mudar não somente o mosteiro, não somente a vida religiosa, mas mudar e salvar com Jesus, salvar o mundo, comece com esses pequenos atos de amor, de renúncia a si mesma, que aprisionam Deus”.


4. “O mundanismo não é uma monja de clausura, é uma cabra que segue seus caminhos, que leva para fora da clausura”.


5. “Quando vier em vocês pensamentos de mundanismo, fechem a porta e pensem nos pequenos gestos de amor: estes salvam o mundo”.


6. “Os diabos educados tocam a campainha… O tentador não quer ser reconhecido, por isso vem disfarçado de pessoa nobre, educada”.


7. “Este conselho eu lhes dou: falem imediatamente. Falem logo se algo lhes tira a tranquilidade, antes mesmo de tolher a paz”.


8. “Sempre a transparência do coração. Falando, sempre se vence. É verdade, é preciso reconhecer que nem todas as prioras são o prêmio Nobel da simpatia”.


9. “Para a tentação, para a luta espiritual, o exercício da caridade não se aposenta: você deve lutar até o fim. Até o final. Também na escuridão… Nesta luta – cruel, mas bonita – quando é verdadeira, não se perde a paz”.


10. “Eu gostaria que todas fossem crianças no espírito… Com aquela dimensão da infância que o Senhor ama tanto”.
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