Na Argentina, bispos se manifestam sobre interrupção de missas com cantos políticos

Conferência Episcopal Argentina

Em dois incidentes recentes, participantes de missas na Argentina começaram a entoar o slogan político “o país não está à venda”, uma expressão de oposição às políticas do presidente Javier Milei. Vídeos mostrando os cânticos circularam nas redes sociais, levando vários bispos a manifestar-se sobre a situação.

Uma das missas foi presidida por Dom Gustavo Carrara, Bispo Auxiliar de Buenos Aires, que posteriormente emitiu um comunicado “pedindo desculpas humildemente” àqueles que tenham se sentido ofendidos. Embora não tenha participado do canto, como presidente da celebração, assumiu a responsabilidade pelo ocorrido.

Dom Jorge García Cuerva, Arcebispo de Buenos Aires, também falou sobre os incidentes durante a missa na Paróquia Santo Ildefonso, deixando claro que “a missa é algo sagrado”.

“Aqui passamos a ser nutridos pela unidade, pela fraternidade, pela paz. É por isso que não é bom usar a missa para dividir, para fragmentar, para ser partidário”, acrescentou.

Numa entrevista à Rádio 10, Dom Eduardo García, Bispo de San Justo, quando questionado sobre o “tom político” que tem sido atribuído às ações da Igreja ultimamente, disse que “parece que, como não há oposição, os da Igreja são a oposição”.

“Estamos fazendo o que temos que fazer, o que sempre fazemos, e talvez isso se torne mais visível e mais forte porque a realidade é mais dolorosa”, disse ele em defesa da Igreja Católica e do seu trabalho solidário diante da crise que assola a Argentina.

Em uma publicação no Facebook, Dom Sergio Osvaldo Buenanueva, Bispo de São Francisco, também se referiu ao ocorrido, expressando o seu apreço pelo gesto de Dom Gustavo Carrara de se desculpar pelo incidente.

“Esta polarização também prejudica as nossas comunidades cristãs e a missa não pode ser usada para promover causas políticas”, destacou. “Não por que a política seja má, mas porque esse não é o propósito da missa, que é glorificar a Deus e santificar os batizados, fortalecer a unidade da Igreja e promover a sua missão no mundo, encorajando também ‘melhores políticas’, como diz o Papa Francisco e Dom Gustavo Carrara observou acertadamente”, concluiu o Prelado.

Fonte: ACI Prensa

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