
“Podemos desejar a alguém um ‘Feliz Natal’. Podemos cantar canções de Natal. Isso não passa de tradição. Não devemos, porém, fazer qualquer referência ao nascimento do Menino Jesus”, declarou Jean-François Roberge, ministro da Laicidade do Quebec – região francófona do Canadá –, referindo-se às escolas e jardins de infância da sua província. “Quando desejamos a alguém um ‘Feliz Natal’, podemos pensar no Papai Noel e nos seus duendes e elfos, mas nada católico”, concluiu.
O projeto de laicidade do Quebec chegou ao ponto em que o Natal é permitido apenas como algo sentimental, desprovido de seu núcleo teológico. Dessa forma, Papai Noel é bem-vindo; Jesus é considerado contrabando.
Os esforços mais recentes para fortalecer o laicismo estatal fazem parte de um novo projeto de lei que amplia uma lei de 2019 sobre símbolos religiosos e que tem gerado intenso debate em todo o país. A iniciativa planeja impor restrições à oração pública e limitar a oferta exclusiva de menus religiosos, como refeições kosher e halal, em instituições públicas.
A lei original impede que juízes, policiais, professores e funcionários públicos usem símbolos como o quipá, o turbante ou o hijab enquanto estiverem trabalhando. O Supremo Tribunal do Canadá analisará um recurso judicial contra essa lei no início do próximo ano.
Também está prevista a proibição de símbolos religiosos para alunos, funcionários e até mesmo pais visitantes em todo o sistema educacional. As escolas religiosas podem continuar a existir, mas serão excluídas do financiamento público, a menos que aceitem eliminar o ensino religioso durante o horário regular de aulas e apliquem a mesma proibição de símbolos religiosos para o corpo docente que existe no sistema público. Isso significa que, em uma escola pertencente e administrada por freiras, elas não devem se vestir como tais. Os católicos podem cantar “Noite Feliz” nas escolas, desde que não mencionem Jesus.
Grupos de defesa das liberdades civis chamam isso de “oportunismo político” com o objetivo de desviar a atenção da escassez de moradias e das disputas sobre o sistema de saúde. O laicismo tornou-se uma nova ortodoxia – completa com leis contra a blasfêmia.
Fontes: BBC Reino Unido e Zenit News





