
Uma década após a eutanásia se tornar legal no Canadá, ativistas dizem que os ventos políticos e culturais estão mudando a favor da vida. Há, porém, muito trabalho a ser feito para reverter o regime permissivo da morte assistida no país.
Em fevereiro de 2015, a Suprema Corte do Canadá decidiu que a proibição à morte assistida era ilegal, permitindo pela primeira vez que médicos do país pudessem ajudar a matar pacientes que sofriam de condições médicas incuráveis. O tribunal atrasou a implementação dessa decisão por mais de um ano, com a prática finalmente se tornando legal em junho de 2016.
Um relatório divulgado em dezembro de 2024 por entidades de saúde vinculadas ao governo revelou que a eutanásia é responsável por 1 em cada 20 mortes no país.
Ativistas pró-vida canadenses têm trabalhado nos últimos 10 anos para reverter a legalização da eutanásia, embora a prática tenha se tornado mais permissiva desde que foi legalizada pela primeira vez, incluindo a legislação em 2021 que permitiu que os médicos começassem a eutanásia de pacientes cujas mortes “não eram razoavelmente previsíveis”.
Alex Schadenberg, diretor executivo da Coalizão Canadense de Prevenção à Eutanásia (EPCC na sigla em inglês), afirmou que a luta contra a eutanásia é “uma batalha de longo prazo”.
“Para desfazer a situação completamente, precisaríamos ter outra decisão da Suprema Corte do Canadá”, disse ele: “Isso não acontece da noite para o dia. E exige muita realidade política.”
A EPCC trabalha para impor proibições à eutanásia e “aumentar a conscientização pública sobre cuidados paliativos”. Ela também busca “representar os vulneráveis e, quando apropriado, advogar perante os tribunais sobre questões relacionadas à eutanásia e ao suicídio assistido”.
Os ativistas estão tratando a luta como uma “situação de longo prazo”, disse Schadenberg, mas “é preciso que o governo faça uma mudança”, e o atual governo liberal protegeu e até expandiu a eutanásia.
David Cooke, gerente de campanha da Campanha de Coalizão pela Vida, sediada em Ontário, disse que seu grupo tem “lutado contra a eutanásia desde que ouviu pela primeira vez propostas ou sugestões de legalização ainda na década de 1990”.
“Desde que a eutanásia foi legalizada, redobramos nossos esforços para não expandi-la e, se possível, para recriminalizá-la”, disse ele. O grupo está trabalhando para promover mudanças políticas e culturais.
Tanto Schadenberg quanto Cooke afirmaram que a morte assistida, cada vez mais permissiva, está sendo recebida com resistência inesperada pela população, o que pode fazer com que a questão tome outro rumo no futuro.
Fonte: CNA – Catholic News Agency