
O apelo do governo de Quebec pela proibição de todas as orações públicas em locais como parques, praças e ruas levanta “sérias preocupações” sobre as liberdades fundamentais de uma sociedade democrática, disse Dom Christian Lépine, Arcebispo de Montreal, em uma carta pública.
Tal proibição desencorajaria gestos que fomentam a esperança e a solidariedade em um mundo já “abalado” por tantas crises – econômicas, sociais e ambientais –, disse o Prelado.
“No fundo, proibir a oração pública seria como proibir o próprio pensamento”, disse ele em uma carta publicada no site da Arquidiocese no início do mês e no jornal La Presse, de Montreal.
Dom Christian Lépine disse que a proposta de François Legault, primeiro-ministro de Quebec, de acabar com as orações em locais públicos vai diretamente contra a Carta Canadense de Direitos e Liberdades, a própria Carta de Direitos Humanos e Liberdades de Quebec e a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
“Podemos nos dar ao luxo de desencorajar gestos que fomentam a esperança e a solidariedade?”, questionou ele.
O Arcebispo considerou a proposta impraticável e discriminatória, acrescentando que ela “colocaria em risco tradições profundamente enraizadas em Quebec”, como a Via-Sacra, as procissões do Domingo de Ramos e a festa de Corpus Christi, entre outras.
“Esses eventos, marcados pela ordem e pela dignidade, são espaços de encontro”, disse ele. “Proibir a oração em público seria ameaçar a própria existência deles.”
O Arcebispo acrescentou que a peregrinação penitencial do Papa Francisco ao Canadá em 2022, com parada na Cidade de Quebec, teria sido proibida se já houvesse tal lei.
Fonte: Canadian Catholic News