“Nós cremos que a graça opera por meio da natureza”. O cardeal George Pell, em uma de suas primeiras manifestações após ter sido absolvido de graves acusações em abril deste ano, falou sobre a gestão do dinheiro e finanças na Igreja. Isso se deu em uma reunião virtual para o lançamento do Global Institute of Church Management (Instituto Global para a Administração da Igreja), organização laica sem fins lucrativos baseada nos Estados Unidos, que quer ajudar a Igreja a aplicar melhores práticas de administração.
“Sem dúvidas, o dinheiro é um dom de Deus. É também uma tentação”, disse o Cardeal. “Dizer que a Igreja não é um negócio não oferece justificativa alguma para que nós sejamos ineficientes e, muito menos, corruptos”, continuou.
Segundo Sua Eminência, é importante ter conhecimentos básicos de economia, finanças, administração, ética e doutrina social. Todavia, mencionando seu encargo precedente, de reformar as finanças do Vaticano, o Cardeal afirmou “que é mais difícil converter uma pessoa para Cristo do que reformar as finanças do Vaticano”.
Por isso, manifestou sua gratidão pelo esforço de ajudar sacerdotes e leigos a entender como efetivamente trabalhar em cargos de gestão da Igreja. “Quando consideramos os empreendimentos da Igreja, o modo como servimos as pessoas, não é suficiente estar sempre rezando e ter uma fé firme, temos de ser capazes de pôr nossas ideias em ação, e isso significa que devemos ser capazes de implementar nossos serviços às pessoas, temos que ser capazes de lidar com outras pessoas”.
O Cardeal Pell congratulou o Instituto por construir parcerias, criando recursos que apoiam o ensino da Igreja e continuando a pesquisar novas práticas para serem implementadas nas paróquias pelo mundo.
(Com informações de Rome reports)
NOTA EDITORIAL
É absolutamente necessário que existam instituições encarregadas de aplicar a justiça na sociedade. Essas instituições, porém, por melhor que tenham sido desenhadas, são compostas por pessoas e, portanto, estão sempre sujeitas a erros e desvios. O caso do Cardeal George Pell tornou-se famoso por sua importante posição no governo da Igreja, pela intensa perseguição midiática e pelo obscurantismo e falta de provas que permearam o processo. Apesar das acusações – ter abusado de dois menores de idade ao mesmo tempo, em uma catedral que estava cheia de pessoas, na sacristia, cuja porta estava aberta – carecerem de quaisquer fundamentos, o Cardeal passou 405 dias na cadeia. Em abril deste ano, a Suprema Corte australiana o absolveu unanimemente.