O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, foi um dos conferencistas do IX Curso Internacional de Doutrina Social da Igreja, realizado entre os dias 19 e 27, no campus da Saint John’s University, em Nova York, nos Estados Unidos. O evento foi organizado pela Academia Latino-Americana de Líderes Católicos e reuniu 125 participantes de 22 países da América e da Europa.
Na quinta-feira, 25, Dom Odilo palestrou sobre o tema “A espiritualidade de Jesus e o líder católico”. Segundo o Cardeal, o líder católico “compreende a sua vida e a vida das pessoas com os critérios que lhe são dados pelo Evangelho de Jesus Cristo e pelo ensinamento moral da Igreja. Seu olhar é iluminado pela fé cristã, sua visão é diferente da de um utilitarista; (…) um olhar inspirado pela vontade de Deus sobre toda a realidade, um olhar inspirado nos mandamentos e nas bem-aventuranças”. Chamados a levar debaixo dos braços “os tesouros da fé”, como a Palavra de Deus, a oração, a Eucaristia e o testemunho dos santos, estes homens e mulheres devem “reconhecer todo o valor original da criação, segundo o desígnio de Deus”.
“Tudo isto se traduz em ações de liderança social”, sublinhou o Arcebispo ao se referir à missão dos leigos. Paralelamente, destacou que “muitas vezes, o laicato é valorizado quando participa da vida interna da Igreja, como a liturgia e a catequese, mas temos que dar um verdadeiro salto para que os leigos sejam missionários no meio do mundo”.
PROMOTORES DO REINO
Nesse sentido, Dom Odilo exortou os líderes a “promoverem o Reino de Deus, um Reino de justiça, paz e solidariedade”; e salientou que “a fé cristã e católica, se for autêntica e madura, conduz a um compromisso social inevitável”.
Da mesma forma, o Cardeal afirmou que “não se pode falar da espiritualidade do líder católico sem mencionar os ensinamentos da doutrina da Igreja sobre questões da vida social, econômica, moral e política…”. Por isso, ele ressaltou que “os discípulos de Cristo não podem ficar indiferentes à fome, à guerra, à violência, ao tráfico de seres humanos”.
“O líder católico não desiste nem desfalece, nem mesmo quando as forças do mal assumem o controle”, disse o Cardeal ao encorajar os participantes do curso.
O CURSO
Também participaram do evento outras autoridades eclesiásticas, como o Cardeal Diego Padrón Sánchez, Arcebispo Emérito de Cumaná, na Venezuela, que refletiu sobre a inclusão social dos pobres como critério autêntico de desenvolvimento.
“Os pobres no coração do desenvolvimento” foi o tema abordado pelo Cardeal Christophe Pierre, Núncio Apostólico nos Estados Unidos. Já o Cardeal Marc Ouellet, Prefeito Emérito do Dicastério para os Bispos e ex-Presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, falou sobre a sacramentalidade da Igreja e a fraternidade universal.
Iniciada no Chile, em 2006, a Academia está atualmente em 14 países da América Latina. Suas atividades incluem, além de cursos com diferentes níveis de formação, congressos e seminários para o debate de temas candentes, celebrações e encontros de espiritualidade. Sua metodologia de formação está no tripé Verdade, Beleza e Bondade, que se articula em três palavras-chave: mente, coração e mãos. Dessa forma, integra uma sólida formação intelectual a uma postura humana que busca ser compassiva, justa e solidária, e à perspectiva de ações de intervenção na realidade.
DESAFIOS
Na conclusão do IX Curso Internacional de Doutrina Social da Igreja, Fernando Sánchez Campos, reitor da Universidade Católica da Costa Rica e vice-presidente da Federação Internacional de Universidades Católicas, destacou que a Academia de Líderes Católicos, assim como qualquer entidade católica, é chamada a responder ao apelo do Papa Francisco para enfrentar quatro desafios: “pobreza, desigualdade, exclusão e polarização ideológica”. Nesse sentido, parafraseando o Pontífice, ele apelou aos presentes a se tornarem “coreógrafos sociais” por meio da linguagem da cabeça, do coração e das mãos.
Mario Paredes, membro do conselho de administração da Academia de Líderes, sublinhou: “Sem a formação contínua, não estamos fazendo o que somos chamados a ser: líderes que enfrentam com maturidade os desafios do mundo de hoje a partir do Deus revelado”.
“Não sabemos o que acontecerá nas noites escuras do nosso continente. No entanto, nestes dias pudemos semear sementes de esperança com paixão, não a partir das nossas contradições, mas da mão de Alguém que é maior que a nossa pequenez”, completou José Antonio Rosas, diretor da Academia Latino-Americana de Líderes Católicos.
(Com informações da Revista Vida Nueva)
É sempre bom ouvir Dom Odilo, porque ele expressa com objetividade e clareza a posição religiosa sobre a realidade.