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China quer manter a liberdade religiosa intacta em Hong Kong, afirma Cardeal 

 Em visita à Austrália, o Cardeal Stephen Chow SJ, Bispo de Hong Kong, esteve em Sydney e discursou para uma grande multidão em Parramatta, no dia 15, sobre o tema “Construção de pontes”, mediado por seu colega jesuíta Padre Richard Leonard. 

Para o público australiano, o problema era como a Igreja Católica pode coexistir com um governo cada vez mais autoritário em Hong Kong, que deve responder ao Partido Comunista em Pequim. 

Padre Richard perguntou ao Cardeal como a construção de pontes funcionava com um regime ateu. 

O Prelado foi surpreendentemente positivo. “Não há perseguição religiosa”, insistiu. “Quero convidar todos vocês, todos, a virem a Hong Kong e verem com seus próprios olhos”, disse ele. 

“O governo de Pequim quer manter a liberdade religiosa intacta em Hong Kong, porque Hong Kong é importante para a China”, assegurou. 

O Cardeal afirmou que o acordo diplomático do Vaticano fazia parte de um diálogo em andamento do qual ele participava. Insistiu que a situação era muito complexa e que os observadores não deveriam forçar os fatos a um “paradigma dualista”. 

Catedral da Imaculada Conceição em Hong Kong

“Mesmo na China, mesmo dentro do governo, não há apenas uma voz, são vozes diferentes, como em qualquer governo”, disse ele. 

“O governo chinês leva a Igreja Católica a sério e se esforça para entender como ela funciona e em que acredita. Ele até incentiva autoridades a estudar direito canônico, filosofia e teologia. O governo é muito bem-informado”, insistiu. 

Além disso, mesmo com um governo comunista, é importante ter empatia e manter o diálogo contínuo, afirmou o Cardeal, que conta com a experiência da humanidade compartilhada. 

“Em Gênesis, Deus nos criou à Sua imagem. Isso é importante, porque significa que todo ser humano tem uma natureza boa; há bondade nessa pessoa. Então, eu conto com isso”. 

Hong Kong não é um lugar fácil para um bispo. Além dos desafios no relacionamento com o governo, há questões demográficas. Após a pandemia de COVID-19 e a repressão ao movimento pró-democracia, 300 mil cidadãos de Hong Kong emigraram. O Cardeal Chow afirmou que toda uma geração de potenciais líderes católicos havia partido. 

A maioria dos padres, diocesanos e religiosos, são estrangeiros. Como em outros países, os jovens têm dificuldade de se relacionar com a Igreja. Implementar a sinodalidade é o grande desafio naquela Igreja particular.

Fonte: Catholic Weekly

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