Colômbia: Clínica suspende eutanásia de mulher que não tem doença terminal

Com esclerose lateral amiotrófica (ELA), a colombiana foi a primeira pessoa em estado não terminal a ter a eutanásia autorizada na Colômbia

Reprodução Twitter

A clínica que seria responsável pela eutanásia da colombiana Martha Liria Sepúlveda, 51, que não tem doença terminal, suspendeu a realização do procedimento no domingo, 10. A morte de Martha estava marcada para ocorrer às 7h, horário local.

Com esclerose lateral amiotrófica (ELA), a colombiana foi a primeira pessoa em estado não terminal a ter a eutanásia autorizada na Colômbia.

EMBATE JURÍDICO

“A partir de relatórios atualizados do seu estado de saúde e da evolução da paciente, definimos que não se cumpre o critério de doença terminal que havia sido determinado por um primeiro comitê”, disse a clínica.

O advogado de Martha, Lucas Correa, afirmou em entrevista à BBC Mundo que a decisão é “ilegítima, ilegal e arbitrária”. Ele diz que ela viola o direito da paciente de morrer dignamente.

“Eles a estão forçando a viver uma vida que ela não deseja continuar vivendo, com sofrimento e uma dor que ela considera incompatíveis com sua ideia de dignidade”, disse.

LEGISLAÇÃO

A eutanásia, ou morte assistida, é legalizada na Colômbia desde 1997. O país, aliás, foi o primeiro na América do Sul a legalizar o procedimento. A prática, porém, valia apenas para pacientes que tivessem doenças terminais – ou seja, seria uma forma de abreviar o sofrimento da pessoa em situação já irreversível, se assim fosse a decisão dela.

Em julho de 2021, a Corte Constitucional colombiana – equivalente ao Supremo Tribunal Federal no Brasil – aprovou a extensão do acesso à eutanásia a pessoas que não estejam em estado terminal. A decisão foi autorizada por seis votos favoráveis e três contrários.

A decisão estende a eutanásia “sempre que o paciente padecer de um intenso sofrimento físico ou psíquico, proveniente de lesão corporal ou doença grave e sem cura”, situação vivida por Martha.

BISPO PEDE RECONSIDERAÇÃO

Como a maioria da população colombiana, Martha se declara muito católica. Por isso, integrantes da Igreja colombiana pedem que ela reconsidere a decisão de interromper a vida. Francisco Ceballos, Bispo de Riohacha, defendeu que “a morte não pode ser a resposta terapêutica à dor e ao sofrimento em nenhum caso”.

“Quero dizer à minha irmã Martha que ela não está sozinha e que o Deus da vida sempre nos acompanha, e que sua tribulação pode encontrar um sentido transcendental, uma chamada ao amor que se renova”, pediu o Bispo, em vídeo divulgado nas redes sociais.

Fonte: G1

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