Em junho de 2021, após relatos de que um radar de penetração no solo havia localizado os prováveis restos mortais de 215 crianças de origem indígena enterradas na Kamloops Indian Residential School, uma escola financiada pelo governo e administrada por uma ordem religiosa católica, o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau exigiu um pedido pessoal de desculpas do Papa Francisco.
Um mês depois, Justin Trudeau visitou a antiga Escola Residencial Indígena Marieval, que teria sido o local de outras 751 sepulturas de crianças. A reação no país foi extrema, com várias igrejas canadenses sendo deliberadamente destruídas por incêndios entre junho e julho de 2021. Esses ataques incendiários ainda não pararam, com um total de 85 igrejas católicas sendo alvo de incêndios ou outros ataques nos últimos três anos.
No fim de 2022, o Papa Francisco visitou o Canadá, no que chamou de “uma peregrinação penitencial” e apresentou o pedido de desculpas. Na conferência de imprensa do voo de regresso, o Papa Francisco concordou que se tratava de um genocídio. Isso foi repetido por unanimidade pelo Parlamento do Canadá no final daquele ano.
O problema com essa história é que três anos e 8 milhões de dólares depois, nenhum resto humano foi encontrado no chamado cemitério de Kamloops ou em qualquer um dos outros supostos locais de valas comuns. Aqueles que anunciaram a existência de valas não identificadas agora reformularam a descoberta para “anomalias” sob a superfície que eles suspeitam serem sepulturas.
Em outras palavras, não existem “crianças desaparecidas”. O destino de algumas crianças pode ter sido esquecido com o passar das gerações, isto é, esquecido pelas suas próprias famílias. “Esquecido”, porém, não é o mesmo que “desaparecido”. O mito dos estudantes desaparecidos surgiu da falha dos investigadores da Comissão da Verdade e Reconciliação em cruzar referências do grande número de documentos históricos sobre escolas residenciais e as crianças que as frequentavam. A documentação existe, mas os comissários não se aproveitaram dela.
Previsivelmente, a diluição das alegações e a falta de provas não geraram nem de perto o mesmo interesse nacional ou internacional que a “descoberta” original atraiu. Não houve discursos no Parlamento, nem histórias de primeira página ou prêmios, nem pedidos de desculpas às 85 comunidades católicas cujas igrejas foram alvo de ataques retaliatórios.
Trudeau parece colocar toda a responsabilidade pela reconciliação no Papa e na Igreja Católica. Por sua vez, Trudeau não apresentou desculpas pela sua participação na perpetuação do mito das valas comuns ou na difamação das muitas irmãs religiosas que trabalhavam nessas instituições. Ele ainda não pediu desculpas pelos ataques retaliatórios às igrejas católicas em todo o país que lidera.
Fontes: Catholic Weekly e The Fraser Institute