Conflito na Terra Santa: Após ataques de grupo extremista islâmico, Israel anuncia estado de guerra

Ataques no sábado, 7, deixaram centenas de mortos. Ao longo das últimas décadas, os papas exortaram palestinos e israelenses ao diálogo pela paz

O grupo extremista islâmico Hamas atacou cidades israelenses, no sábado, 7, naquilo que chamou de uma grande operação para a retomada de territórios. Até o começo da noite do sábado, os ataques já tinham resultado em mais de 430 mortos, de parte a parte.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, lançou a operação ‘Espadas de Ferro’ e começou a convocar reservistas. A decisão foi tomada após os ataques do Hamas feitos pelo lançamento de mísseis e o envio de homens armados. Israel declarou estado de emergência em um raio de 80 quilômetros da Faixa de Gaza.

ESFORÇOS DIPLOMÁTICOS

O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou “nos termos mais fortes” o ataque do grupo extremista islâmico Hamas.

Em mensagem enviada pelo porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, neste sábado, Guterres destaca que os ataques já interromperam inúmeras vidas de civis israelenses e feriram outras centenas de pessoas.

António Guterres diz estar chocado com os relatos de que civis foram atacados e raptados das suas próprias casas. Ele disse estar profundamente preocupado com a população civil e apela à máxima contenção e que “todos os esforços diplomáticos” sejam feitos para evitar a escalada da violência.

O secretário-geral adiciona que os civis devem ser sempre respeitados e protegidos de acordo com o direito humanitário internacional. 

O chefe da ONU expressou suas condolências às famílias das vítimas e pediu a libertação imediata de todas as pessoas raptadas.

António Guterres destaca que a violência não pode ser a solução para o conflito e que só por meio de negociações a paz poderá ser alcançada.

Ainda no sábado, o coordenador da ONU para o Processo de Paz no Oriente Médio, Tor Wennesland, condenou o ataque do Hamas contra cidades israelenses perto da Faixa de Gaza.

Ele destaca que a violência deixou diversas vítimas e adicionou que há relatos que muitos israelenses tenham sido raptados. O representante das Nações Unidas afirma que os ataques contra civis devem parar imediatamente.

Tor Wennesland afirmou que está em contato com todas as partes para pedir máxima contenção e cuidado com a população. Ele afirma que os acontecimentos levam a “um precipício perigoso” e apela a todos para que “se afastem do abismo”.

A PREOCUPAÇÃO DOS PAPAS COM UM CONFLITO HISTÓRICO

São João Paulo II em visita a Jerusalém (acervo Vatican Media)

O conflito entre Israel e a Palestina já se estende por décadas, com milhares de mortos e feridos em ambos os lados e tentativas de acordos de paz que não se sustentam por muito tempo.

Em 1947, as Nações Unidas propuseram a criação de dois Estados — um judeu e um árabe — na Palestina, sob mandato britânico. A proposta foi aceita pelos líderes judeus, mas rejeitada pelo lado árabe. Mesmo assim, em 1948, os líderes judeus proclamaram o Estado de Israel, causando a revolta dos palestinos. Nas décadas seguintes se sucederam conflitos.

Localizada ente o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo, a Terra Santa está neste território de conflito, sendo isso um motivo a mais de atenção para que os papas ao longo da história pedissem pela paz.

Em março de 2000, ao peregrinar à Terra Santa, São João Paulo II exortou: “Não importa quão difícil, quão longo, o processo de buscar a paz deve prosseguir. Sem paz, não pode haver um desenvolvimento autêntico para esta região, uma vida melhor para seus povos ou um futuro mais luminoso para suas crianças”.

Em 2012, diante de mais um acirramento entre palestinos e israelenses na Faixa de Gaza, o apelo foi do Papa Bento XVI: “Sinto o dever de reiterar mais uma vez que o ódio e a violência não são a solução dos problemas. Além disso, encorajo as iniciativas e os esforços daqueles que estão buscando obter uma trégua e promover a negociação. Exorto também as autoridades de ambas as partes a adotarem decisões corajosas em favor da paz e a colocarem fim a um conflito com repercussões negativas em toda a região médio-oriental, martirizada por demasiados confrontos e necessitada de paz e de reconciliação.”

Mais recentemente, em maio 2021, o Papa Francisco exortou as autoridades locais a se empenharem pela paz, diante do aumento de conflitos armados na Faixa de Gaza: “O aumento de ódio e violência que está envolvendo várias cidades em Israel é uma ferida grave para a fraternidade e a convivência pacífica entre os cidadãos, que será difícil de curar se não houver uma abertura imediata para o diálogo. Eu me pergunto: aonde o ódio e a vingança vão levar? Pensamos realmente que podemos construir a paz destruindo o outro? ‘Em nome de Deus que criou todos os seres humanos iguais em direitos, deveres e dignidade, e os chamou a viverem juntos como irmãos e irmãs entre si” (cf. Documento sobre a Fraternidade Humana) apelo à calma e, àqueles que têm responsabilidade para tal, a fazer cessar o ribombar das armas e a percorrer os caminhos da paz, também com a ajuda da comunidade internacional”.

(Com informações de G1, Vatican Media e ONU News)

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