Cristão idoso acusado de insultar o Alcorão é considerado inocente

O Alcorão
Reprodução/DepositPhotos

Um homem cristão de 72 anos acusado de blasfêmia no Paquistão foi considerado inocente e libertado pela Polícia na quinta-feira, 15.

Younis Bhatti, também conhecido como Bhagat, foi preso recentemente, acusado por uma mulher chamada Susan Fátima de entrar violentamente na casa dela, atacá-la e insultar o Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos.

Segundo a lei paquistanesa, a blasfêmia pode ser punível com prisão perpétua ou pena de morte. De acordo com a denúncia, o alegado ataque de Bhagat ocorreu devido à conversão da mulher ao Islã há aproximadamente um ano e meio.

Longe de fugir, Bhagat compareceu perante as autoridades do distrito de Faisalabad, na província de Punjab, para que esclarecessem o incidente. A prisão causou indignação na comunidade cristã local, na qual o homem é um líder respeitado e benfeitor.

Conforme a mídia e ativistas cristãos locais, Bhagat possui, junto com sua família, um grande pedaço de terra na cidade onde moram, e que aluga a preços baixos aos cristãos da região, para que possam ter um lugar para morar, a um custo acessível. Susan Fátima frequentava precisamente a mesma igreja que Bhagat.

Foi assim que o idoso teria dado a Susan Fátima e ao seu marido, que tem deficiência, uma casa para viverem gratuitamente, com um terreno com mais de 120 metros quadrados.

Há alguns meses, Bhagat teria informado à mulher que queria reservar um espaço naquela propriedade para outra família cristã morar, ao que ela teria se oposto.

Segundo testemunhas presentes na área, no dia 10, sem que Bhagat sequer entrasse na propriedade, Susan Fátima começou a gritar acusações de blasfêmia. Para muitos vizinhos, a suposta conversão da mulher ao Islã é apenas uma estratégia para não permitir que ela se desfaça dos seus bens.

Após a libertação de Bhagat, as autoridades prenderam a mulher para uma investigação mais aprofundada.

À Agência Fides, a advogada Aneeqa Maria Anthony, que defendeu Bhagat, disse que a resolução positiva deste caso “criou confiança na comunidade cristã, especialmente no que diz respeito ao apoio das autoridades à justiça e à proteção dos direitos de todas as pessoas, independentemente de suas crenças religiosas”.

Por sua vez, para a organização não governamental Centro de Assistência e Acordo Jurídico (CLAAS), este caso “é um lembrete da importância de julgamentos justos e imparciais e do risco de falsas acusações”.

 Nasir Saeed, diretor da CLAAS, disse que o caso de Bhagat coloca o abuso das leis de blasfêmia no Paquistão novamente no centro das atenções e alertou que “este não é um caso isolado”.

Situações como esta, observou, se não forem devidamente investigadas “podem ter consequências trágicas: algumas pessoas inocentes podem passar muitos anos na prisão ou mesmo ser assassinadas”.

Fonte: ACI Prensa

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