O SÃO PAULO apresenta um panorama da Igreja Católica na Coreia do Sul e as expectativas com a realização da próxima JMJ
Na conclusão da missa de envio da JMJ Lisboa 2023, na manhã do domingo, 6, na capital portuguesa, o Papa Francisco anunciou as duas próximas ocasiões em que toda a juventude da Igreja voltará a se reunir.
O primeiro momento será em Roma, em 2025, para um Jubileu dos Jovens, no contexto do Ano Santo, celebrado ordinariamente a cada 25 anos, para recordar o nascimento de Cristo. O último ocorreu em 2000, presidido por São João Paulo II, ocasião em que Roma sediou a JMJ.
Já a próxima edição internacional da JMJ será no continente asiático, em Seul, na Coreia do Sul, em 2027. “Assim, da fronteira ocidental da Europa, passará ao extremo Oriente: é um belo sinal da universalidade da Igreja e do sonho de unidade do qual vós sois testemunhas!”.
CRESCENTE EXPECTATIVA
Na Coreia do Sul, cerca de 33% da população é cristã, sendo, assim, o Cristianismo a religião predominante, seguida pelo Budismo (professada por 24,5% da população), religiões tradicionais (15,1%) e o Confucionismo (10,7%), conforme dados mais recentes publicados pela fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN).
Dados levantados pela Conferência Episcopal da Coreia do Sul ao final de 2022 mostram que o número de fiéis católicos nas 16 dioceses do país é de 5.949.862, um aumento de 0,2% em relação a 2021. Eles perfazem 11,3% do total da população sul-coreana de 52.628.623 habitantes.
Entre os fiéis, 42,9% são homens (2.551.589) e 57,1% mulheres (3.398.273). Por idade, a porcentagem dos que tem 65 anos ou mais é de 26,4%.
Um recente estudo intitulado de ‘Pesquisa de Confiança Social da Igreja Coreana de 2023’, que ouviu pessoas acima de 19 anos de idade, indicou que 21,4% dos entrevistados revelaram ter mais confiança no catolicismo em comparação com outras religiões do país.
Desde o ano passado, a Arquidiocese de Seul já manifestava o desejo de ser sede da próxima JMJ. Em novembro, Dom Peter Chung Soon-taick, Arcebispo de Seul, afirmou que “seria uma oportunidade extraordinária para relançar a pastoral juvenil em um país que luta com o inverno demográfico e com um sistema educacional dominado pela competitividade”.
Na ocasião, o Arcebispo explicou que o país asiático está enfrentando um grande desafio em relação ao número de jovens, que está diminuindo. De acordo com estatísticas oficiais, a nação apresenta a taxa de natalidade mais baixa do mundo, com apenas 0,8 filho por casal. Por causa disso, o número de jovens nas igrejas também diminuiu.
“Precisamos de um ponto de virada para a pastoral juvenil em Seul, e a JMJ é uma ocasião propícia”, declarou à época.
A GRATIDÃO DO PAPA
Entre os mais de 1,5 mil peregrinos que participaram da JMJ Lisboa 2023 – número que superou a expectativa dos organizadores – cerca de mil eram sul-coreanos e parte deles subiu ao palco do Campo da Graça, onde foi montado o altar da missa, para festejar a escolha de Seul como sede da próxima Jornada Mundial da Juventude.
Ao despedir-se dos peregrinos de todo o mundo na missa na manhã deste domingo, o Papa Francisco fez muitos agradecimentos: ao Cardeal Clemente, Patriarca de Lisboa; aos organizadores e voluntários desta edição, pelo empenho em organizar a Jornada; às autoridades portuguesas; aos bispos, sacerdotes e consagrados; ao Cardeal Farrell, Prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida; e aos padroeiros da JMJ Lisboa 2023, em especial a São João Paulo II, idealizador das Jornadas Mundiais da Juventude.
“Quanto bem recebemos todos nós neste evento de graça, e agora o Senhor faz-nos sentir a necessidade de por nossa vez, quando regressarmos a casa, partilhar e doar testemunhando, com alegria e gratidão, o bem que Deus nos colocou no coração”, disse o Pontífice.
O Papa também fez um agradecimento especial aos jovens: “Deus vê inteiramente o bem que sois; só Ele conhece o que semeou nos vossos corações. Por favor, guardai-o com cuidado. Quero dizer-vos: recordai, fixai na mente os momentos mais belos. Depois, quando vier algum inevitável momento de cansaço e desânimo e, quem sabe, a tentação de parar no caminho ou de vos fechar em vós mesmos, reavivai as experiências e a graça destes dias, porque – nunca o esqueçais – esta é a realidade, isto é o que vós sois: o Povo santo de Deus que caminha na alegria do Evangelho.”, disse, recordando-se, ainda, dos que não puderam ir à JMJ, mas organizaram maneiras para acompanhá-la em suas dioceses, e aos jovens que não puderam sair de seus países em razão de guerras – “e são tantos por esse mundo fora. Pensando neste continente, sinto grande tristeza pela querida Ucrânia, que continua a sofrer muito”.
“Amigos, permiti a mim, idoso, partilhar convosco, jovens, um sonho que trago cá dentro: é o sonho da paz, o sonho de jovens que rezam pela paz, vivem em paz e constroem um futuro de paz. Através da oração do Angelus, coloquemos nas mãos de Maria, Rainha da Paz, o futuro da humanidade. E ao voltardes para casa continuai, por favor, a rezar pela paz. Vós sois um sinal de paz para o mundo, um testemunho de como as nacionalidades, as línguas e as histórias podem unir em vez de dividir. Sois a esperança dum mundo diferente. Obrigado por isso. Avante!”
Por fim, o Papa dirigiu “um último obrigado, o maior!”, a duas pessoas especiais, “aos protagonistas principais deste encontro. Estiveram aqui conosco, e estão sempre conosco, não perdem de vista as nossas vidas e amam-nas como mais ninguém: obrigado a Ti, Senhor Jesus; obrigado a Ti, Maria nossa Mãe: nós Te rezamos com alegria”.