Visita a um lar que acolhe pessoas idosas e doentes, e diálogo inter-religioso com a juventude foram os últimos compromissos públicos do Pontífice no país
Na manhã da sexta-feira, 13, o Papa Francisco visitou o Lar Santa Teresa, em Cingapura, e encontrou-se idosos e enfermos.
Acompanhado pelo Arcebispo Emérito de Cingapura, Dom Nicholas Chia Yeo Joo, e outros membros da comunidade, o Papa expressou sua gratidão e assegurou suas orações a todos.
O Lar Santa Teresa, fundado há 90 anos pelas Pequenas Irmãs dos Pobres, abriga atualmente 200 residentes e é administrado pelos Serviços de Assistência Católica (CWS). Durante a visita, o Papa abençoou cerca de 60 idosos em cadeiras de rodas dos lares geridos pelo CWS, incluindo os lares de São José e Vila Francisco.
O Pontífice também abençoou uma placa para o futuro “Catholic Hub”, um novo espaço que substituirá o atual Lar Santa Teresa. Este novo centro, chamado Vila Santa Teresa, será uma instalação maior e mais moderna, enquanto o “Catholic Hub” abrigará organizações arquidiocesanas, um centro de convenções, instalações para retiros e uma casa para clérigos idosos.
ORAÇÃO E PERDÃO
Na sua breve passagem pelo lar, que durou menos de meia hora, o Papa saudou os residentes, muitos dos quais sofrem de doenças graves, como Alzheimer ou Parkinson.
Francisco expressou admiração pela paciência e dignidade deles e afirmou: “Deus se alegra ao ouvir a oração de vocês. Obrigado pela paciência e pelas orações”.
O Papa também enfatizou a importância das orações dos residentes para a Igreja e a humanidade: “Eu peço que rezem pela Igreja e pela humanidade. A oração de vocês é muito importante diante de Deus.”
Ao final, concedeu a todos o perdão de Deus: “O Senhor perdoa tudo sempre e eu manifesto, em nome do Senhor, o perdão a todos vocês.” A visita foi concluída com uma oração e uma foto de grupo, enquanto os residentes e funcionários aplaudiram e se despediram com alegria.
DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO COM OS JOVENS
Ainda na sexta-feira, Francisco participou de um diálogo inter-religioso com jovens, realizado no Colégio Católico em Singapura. Cerca de 600 participantes de mais de 50 escolas e organizações inter-religiosas compareceram ao evento.
O Santo Padre foi acolhido com testemunhos de um jovem hindu, uma jovem sikhi e uma católica. Os três representantes juvenis falaram sobre os frutos e os desafios na promoção do diálogo inter-religioso, bem como diante dos cenários da atualidade, como as guerras, o egoísmo, o mau uso da inteligência artificial e, ao final de cada fala, apresentaram também uma pergunta ao Papa.
Francisco, após esse momento, deixou o discurso preparado para a ocasião de lado e desenvolveu com os jovens um diálogo espontâneo, com perguntas e respostas, e, principalmente, reagindo às realidades apresentadas pelos jovens, encorajando-os a seguirem seu percurso com coragem e esperança.
SAIR DAS ZONAS DE CONFORTO
Os jovens são corajosos, enfatizou o Papa, porque buscam a verdade, porque caminham, porque são criativos. “Mas a juventude deve tomar cuidado para não cair nas ‘críticas de sofá’”, alertou, explicando que a crítica deve ser construtiva, caso contrário, torna-se destrutiva, sem abrir caminho para o novo. É preciso ter a coragem de criticar e de se deixar ser criticado pelos outros, e “este é o diálogo sincero entre os jovens”
“Os jovens devem ter a coragem de construir, de seguir em frente, de sair das zonas de conforto. Um jovem que escolhe viver sempre sua vida de forma confortável é um jovem que engorda, mas não engorda a barriga, engorda a mente. Por isso, eu digo aos jovens: arrisquem, saiam, não tenham medo. O medo é uma atitude ditatorial que te paralisa.”
AS REDES SOCIAIS NÃO DEVEM ESCRAVIZAR
Francisco também abordou um tema que lhe é muito caro, levantado pelas palavras dos jovens: o uso dos meios de comunicação. O Papa sublinha que quem não os usa corre o risco de tornar-se um jovem “fechado” e, por outro lado, quem os usa excessivamente, aparentando estar sempre disperso, se torna um jovem escravo dessas redes sociais.
“Todos os jovens devem usar os meios de comunicação, mas usá-los para que nos ajudem a seguir em frente, não para que nos tornem escravos.”
DEUS É DEUS PARA TODOS
Francisco elogiou a juventude pela sua capacidade de promover o diálogo inter-religioso e destacou que “todas as religiões são um caminho para chegar a Deus”, e que nenhuma é mais importante que a outra.
“São como diferentes línguas, diferentes idiomas para chegar até um objetivo. Mas Deus é Deus para todos. E assim como Deus é Deus para todos, nós somos todos filhos de Deus.”
O BULLYING É UMA AGRESSÃO
A juventude é a fase da coragem, que, junto com o respeito, é necessária para o diálogo. Francisco, como já fez no passado, alertou contra o grave fenômeno do bullying que, seja verbal ou físico, é sempre uma agressão. Porém, recordou o Papa com um exemplo doloroso, sofre quem é mais fraco, principalmente as crianças com deficiência.
“Assim como temos nossas próprias deficiências, devemos respeitar as deficiências dos outros. Isso é importante. Por que digo isso? Porque superar essas coisas ajuda no que vocês fazem, o diálogo inter-religioso. Porque o diálogo inter-religioso se constrói com o respeito aos outros, e isso é muito importante.”
DIALOGAR SEMPRE
Francisco se despediu dos jovens de Cingapura convidando-os a fazer tudo o que for possível para manter uma atitude corajosa e promover um espaço onde os jovens possam entrar e dialogar.
“E se vocês dialogarem quando jovens, dialogarão ainda mais quando adultos, dialogarão como cidadãos, como políticos. Arrisquem! E quando passar um tempo e vocês já não forem mais jovens, quando forem adultos e avós, ensinem todas essas coisas às crianças”.
O COMPROMISSO DOS JOVENS
Na conclusão do encontro, após o discurso do Papa e um momento de oração silenciosa, os jovens recitaram juntos a “Promessa da Geração Futura de se comprometer com a Unidade e a Esperança”, com as seguintes palavras:
“Nós, a geração futura, nos comprometemos a ser um farol de unidade e esperança na promoção da cooperação e das amizades que alimentam a coexistência harmoniosa entre pessoas de diferentes crenças.”
O diálogo com os jovens foi o último compromisso do Pontífice antes de sua partida da Ásia para Roma, após sua 45ª Viagem Apostólica Internacional por quatro nações, que também o levou, desde o dia 2, à Indonésia, Papua Nova Guiné e Timor-Leste.
Fonte: Vatican News