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Em encontro, Bispos da Amazônia refletem sobre o prosseguimento do caminho sinodal

Convocado pela Conferência Eclesial da Amazônia (Ceama), o Encontro dos Bispos da Amazônia reuniu, entre os dias 17 e 20, na sede do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (Celam), em Bogotá, na Colômbia, mais de 90 pastores de 76 jurisdições eclesiásticas dos nove países amazônicos. 

Momentos de celebração, espiritualidade, trabalho em grupos, conversação no Espírito fizeram parte do programa do Encontro, que seguiu o método ver, escutar, discernir, agir. 

A Ceama, com o objetivo de promover a sinodalidade entre as igrejas da região, reconhece que o desafio tem sido a aproximação das igrejas locais nos processos que desenvolve, o que assinala a relevância do Encontro, que se traduziu em uma oportunidade de escuta e discernimento comum, no qual os bispos puderam partilhar a realidade das igrejas locais e como a Conferência pode ajudar nos processos de construção de um Plano Sinodal para a Igreja da Pan-Amazônia. 

Entre as perspectivas, coube destacar a retomada do papel dos bispos, uma vez pastores das igrejas locais, como os primeiros responsáveis pela sinodalidade, além de identificar os impulsos, avanços e as resistências identificadas no caminho sinodal desde o Sínodo para a Amazônia, em 2019. 

Para Dom Neri José Tondello, Bispo de Juína (MT), no Brasil, e uma das vozes que tem acompanhado fielmente o processo sinodal amazônico, o Encontro representou muito mais que uma reunião episcopal: foi uma oportunidade “de retomar o diálogo da Igreja com a responsabilidade que ela tem pelo cuidado da nossa Casa Comum, ou seja, aprofundar a conversão integral: sinodal, ecológica, cultural e pastoral”. 

Em seu depoimento, ele enfatizou a necessidade de uma revisão crítica da história da evangelização na região, reconhecendo que, ao mesmo tempo em que houve um desejo missionário, houve também experiências de colonização que devem ser curadas por meio de um caminho de reconciliação e compromisso. 

O que mais o inspira na Igreja Amazônica é a resiliência dos povos indígenas, sua paciência histórica, sua capacidade de organização, sua clareza sobre seus direitos. Apesar de terem sido abandonados pelas autoridades e pela própria Igreja em diversos momentos, eles permanecem firmes, sabem o que querem e buscam isso com humildade e estratégia. 

Dom Neri insistiu que a inspiração para a renovação eclesial deve vir de baixo, da resiliência e sabedoria dos povos amazônicos, convidando a Igreja a se misturar, a ouvir e a ser tocada por aquela vida que brota das raízes.

Fontes: Celam e Vatican News 

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