Em Papua-Nova Guiné, Francisco exorta fiéis a abrirem-se à alegria do Evangelho

Pontífice presidiu missa na manhã do domingo, 8, em Port Moresby, em seu segundo dia de atividades em Papua- Nova Guiné, no âmbito desta 45ª Viagem Apostólica Internacional. No Angelus, ao término da Eucaristia, pediu ‘não ao rearmamento e à exploração da casa comum’

Fotos: Vatican Media

O Papa iniciou seus compromissos do domingo, 8, em Papua-Nova Guiné presidindo missa no Estádio Sir John Guise, em Port Moresby.  Cerca de 35 mil pessoas participaram da celebração. A comunidade católica no país é minoria, mas jovem e disposta a evangelizar.

Atendo-se à liturgia do 23º Domingo do Tempo Comum, o Pontífice retomou na homilia o profeta Isaías 35, 4 “Tomai ânimo, não temais!” e Isaías 35, 5 “se abrirão os olhos do cego, os ouvidos do surdo ficarão a ouvir” para afirmar que essa profecia se cumpre em Jesus.

SURDEZ INTERIOR E MUDEZ DO CORAÇÃO

Na narração de São Marcos, são sublinhados particularmente dois aspectos: o afastamento do surdo-mudo e a proximidade de Jesus.

Francisco desenvolveu sua reflexão em torno desses dois elementos essenciais. No primeiro, evidenciando um dos tipos de afastamento experimentado pelo surdo-mudo, frisou que ele está longe de Deus e dos homens porque não tem a possibilidade de comunicar. É surdo e, portanto, não pode ouvir os outros, é mudo e, por conseguinte, não pode falar com os demais. Este homem está separado do mundo e isolado, é prisioneiro da sua surdez e da sua mudez, devido às quais não pode abrir-se aos outros para comunicar.

“Porém, podemos interpretar esta condição de surdo-mudo num outro sentido, porque pode acontecer-nos ficar afastados da comunhão e da amizade com Deus e os irmãos quando, mais do que os ouvidos e a língua, for o nosso coração a fechar-se. Há uma surdez interior e uma mudez do coração que dependem de tudo aquilo que nos encerra em nós mesmos e impede a relação com Deus e com os outros: egoísmo, indiferença, medo de arriscar e de comprometer-se, ressentimento, ódio, e a lista poderia continuar. Tudo isto nos afasta de Deus, dos irmãos, de nós mesmos e da alegria de viver.”, destacou.

DEUS É VENCEDOR DE TODAS AS DISTÂNCIAS

Francisco afirmou, ainda, que diante dessa distância Deus responde com a proximidade de Jesus (segundo elemento essencial). No seu Filho, observou, Ele quer mostrar-nos, primeiramente, que é o Deus próximo, compassivo, solícito com a nossa vida, vencedor de todas as distâncias.

Com a sua proximidade, Jesus cura a mudez e a surdez do homem: “Quando nos sentimos distantes, ou escolhemos manter-nos à distância – de Deus, dos irmãos, daqueles que são diferentes de nós – então fechamo-nos, encerramo-nos em nós mesmos e acabamos por girar apenas em torno do nosso eu, surdos à Palavra de Deus e ao grito do próximo e, por conseguinte, incapazes de falar com Deus e o próximo”.

ABRIR-SE A DEUS, AOS IRMÃOS E AO EVANGELHO

Dirigindo-se diretamente aos fiéis desta grande ilha virada para o Oceano Pacífico, Francisco exortou-os a se abrirem a Deus, aos irmãos e ao Evangelho.

“Vós, irmãos e irmãs, que habitais esta terra tão distante, do Pacífico, talvez tenhais a imaginação de vos encontrar separados, separados dos Senhor, separados dos homens, e isso não é correto, não: vós estais unidos, unidos no Espírito Santo, unidos no Senhor. Cada um de vós: “Abre-te!’. E isto é o mais importante: abrirmo-nos a Deus, abrirmo-nos aos irmãos, abrirmo-nos ao Evangelho e fazer dele a bússola da nossa vida.”

O Santo Padre concluiu convidando-os a se abrir à alegria do Evangelho, ao encontro com Deus, ao amor dos irmãos. “Que nenhum de nós fique surdo e mudo pera este convite”, exortou-os.

ANGELUS: NÃO ÀS ARMAS E À EXPLORAÇÃO DA CASA COMUM

Ao término da Santa Missa, Francisco conduziu a oração do Angelus, confiando à Virgem Maria o caminho da Igreja em Papua-Nova Guiné e nas Ilhas Salomão, fazendo, por fim, uma invocação ao dom da paz para todos os povos.

“A partir desta terra abençoada pelo Criador, gostaria de invocar juntamente convosco, por intercessão de Maria Santíssima, o dom da paz para todos os povos. Em particular, peço-o para esta grande região do mundo entre a Ásia, a Oceania e o Oceano Pacífico. Paz! Paz para as Nações e para a criação! Não ao rearmamento e à exploração da casa comum! Sim ao encontro entre povos e culturas, sim à harmonia do homem com as criaturas!”

Por fim, o Pontífice ressaltou que este domingo se celebra a festa litúrgica da Natividade de Nossa Senhora, dirigindo seu pensamento para o Santuário de Lourdes, na França, infelizmente atingido por uma inundação.

Fonte: Vatican News

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