Francisco à Igreja na Bélgica: ‘Caminhem com o Espírito e pratiquem a misericórdia’

Santo Padre se reuniu com bispos, sacerdotes, diáconos, seminaristas, religiosos consagrados e agentes de pastoral na Basílica do Sagrado Coração de Koekelberg, em Bruxelas

Fotos: Vatican Media

Ser uma Igreja que “nunca fecha suas portas, que a todos oferece uma abertura ao infinito, que sabe olhar mais adiante. Esta é a Igreja que evangeliza, que vive a alegria do Evangelho, que pratica a misericórdia”, disse o Papa Francisco, no sábado, 28, na Basílica do Sagrado Coração de Koekelberg, em Bruxelas.

No terceiro dia de sua 46ª viagem apostólica internacional – o segundo na Bélgica, após ter passado por Luxemburgo –, o Pontífice encontrou com bispos, padres, diáconos, seminaristas, religiosas e religiosos consagrados e agentes de pastoral da Igreja Católica na Bélgica.

Após ser saudado por Dom Luc Terlinden, Presidente da Conferência Episcopal Belga, O Papa manifestou sua alegria por estar neste encontro e destacou que a comunidade católica na Bélgica é uma “Igreja em movimento”, na medida em que “se esforça por ser uma comunidade próxima das pessoas, que as acompanha e que dá testemunho com gestos de misericórdia”.

EVANGELIZAÇÃO, ALEGRIA E MISERICÓRDIA

Francisco definiu a Igreja belga como uma “encruzilhada em movimento”, propondo à reflexão três palavras: evangelização, alegria, misericórdia.

Para o Pontífice, a crise da fé que vive o Ocidente impele a regressar ao essencial, isto é, ao Evangelho: “A crise – cada uma delas – é um momento que nos é oferecido para nos sacudir, para nos questionar e para mudar. É uma oportunidade preciosa”.

De um cristianismo instalado se passou a um Cristianismo “minoritário”, ou seja, um Cristianismo de testemunho, em que se exige coragem.

“Sejam padres que não se limitam a conservar ou a gerir um patrimônio do passado, mas pastores apaixonados por Jesus Cristo”, disse, destacando ser fundamental valorizar os percursos comunitários. Ele também lembrou que na Igreja há lugar para todos e ninguém deve ser uma cópia do outro. Disse ainda que o processo sinodal deve ser um regresso ao Evangelho para perguntar-se como fazê-lo chegar a uma sociedade que já não o escuta ou que se afastou da fé.

Para isso, serve a alegria suscitada por Jesus. Em todos os âmbitos, na pregação, na celebração, no serviço e no apostolado devem transparecer a alegria do coração, porque esta suscita interrogações e atrai também aqueles que estão longe. A alegria é o caminho que conduz à felicidade.

Por sua vez, o Evangelho, acolhido e partilhado, recebido e dado, conduz-nos à alegria porque faz descobrir que Deus é o Pai da misericórdia, que se comove conosco, que nos levanta das nossas quedas, que nunca desiste de nos amar.

“Gravemos isto no nosso coração: Deus nunca desiste de nos amar. ‘Até mesmo se eu cometi algo de grave?’ Deus nunca deixa de te amar.”

É a misericórdia, prosseguiu o Papa, que pode salvar mesmo em casos de abusos, que geram sofrimentos e feridas atrozes, minando até mesmo o caminho da fé.

“E é necessária tanta misericórdia, para não ficar com um coração de pedra diante do sofrimento das vítimas, para as fazer sentir a nossa proximidade e lhes oferecer toda a ajuda possível, para aprender com elas a ser uma Igreja que se torna serva de todos sem subjugar ninguém. Sim, porque uma das raízes da violência é o abuso de poder, quando usamos as nossas funções para esmagar ou manipular os outros”, disse.

A misericórdia é a palavra-chave para os prisioneiros, acrescentou. “Jesus mostra-nos que Deus não se afasta das nossas feridas e impurezas. Ele sabe que todos nós podemos errar, mas ninguém é um fracassado. Ninguém está perdido para sempre. (…) Misericórdia, sempre misericórdia.”

O RETRATO DA IGREJA

Ao concluir sua fala, o Papa fez alusão ao quadro “O Ato de Fé”, do pintor belga René Magritte, que mostra uma porta fechado por dentro, mas aberta no centro, estando aberta para o céu: “É uma abertura que nos convida a ir mais adiante e pra cima, a não nos fecharmos nunca em nós mesmos. Eu desejo-lhes com esta imagem o símbolo de uma Igreja que nunca fecha suas portas, que a todos oferece uma abertura ao infinito, que sabe olhar mais adiante. Esta é a Igreja que evangeliza, que vive a alegria do Evangelho, que pratica a misericórdia”.

Por fim, exortou: “Caminhem juntos, vocês e o Espírito Santo, juntos, e pratiquem a misericórdia, para assim ser Igreja. Sem o Espírito, não acontece nada de cristão. É o que nos ensina a Virgem Maria, nossa Mãe. Que ela nos guie e nos guarde”.

(Com informações de Vatican News em português e em espanhol)

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