
Em uma mensagem à mídia do Vaticano, Dom Max Leroys Mésidor, Arcebispo de Porto Príncipe e Presidente da Conferência Episcopal do Haiti, relata a dolorosa situação de sua Arquidiocese e lança um veemente apelo: “Aqui, 28 paróquias foram completamente fechadas e o trabalho pastoral de outras 40 continua em ritmo lento porque muitos bairros da cidade estão nas mãos de gangues armadas. O Haiti está em chamas e sangrando: aguarda um apoio urgente. Quem virá para ajudar? Nossa Quaresma é, de fato, um calvário, mas nós a oferecemos em comunhão com os sofrimentos de Cristo”.
Na sexta-feira, 4, profunda tristeza e indignação também foram expressas oficialmente pelos bispos do país, que condenaram em termos inequívocos o ataque de gangues armadas em Mirebalais, uma populosa cidade a poucos quilômetros de Porto Príncipe, a capital do país caribenho, que causou a morte de várias pessoas, incluindo duas religiosas da Congregação das Irmãzinhas de Santa Teresa do Menino Jesus. Na ocasião, os membros das gangues, unidos no cartel criminoso chamado Vivre Ensemble, atacaram uma delegacia de polícia e a penitenciária local, de onde teriam fugido dezenas de detentos, causando um longo e sangrento combate com os policiais.
Os bispos, contudo, foram ainda mais longe: denunciaram a inação das autoridades que, apesar de terem diante de si a escalada de violência que está lançando toda a nação no caos, “ainda não tomaram as medidas necessárias para evitar essa tragédia”. A falta de uma resposta eficaz à contínua insegurança é uma falha grave que coloca em risco uma nação deixada à mercê de forças destrutivas”.
Tentando apaziguar a raiva crescente entre o povo haitiano, que acusa as autoridades de não fazerem o suficiente para pôr fim aos confrontos, Fritz Alphonse Jean, líder do Conselho Presidencial de Transição, prometeu novas medidas drásticas para deter o derramamento de sangue, depois de reconhecer publicamente que o país se tornou um inferno para todos. “Entendemos a sua miséria. Conhecemos sua dor e seu sofrimento. Povo haitiano: vocês falaram e nós os ouvimos”, disse Fritz Jean à margem da grande manifestação na capital no dia 2, que mobilizou milhares de pessoas em frente à sede do Governo.
Fonte: Vatican News