Igreja polonesa colhe os frutos por sediar a JMJ 2016

Vatican Media

Sete anos depois de acolher milhares de peregrinos de todo o mundo em Cracóvia para a Jornada Mundial da Juventude de 2016, líderes católicos da Polônia acreditam que o evento foi fundamental para “reentusiasmar seu ministério” e conter o declínio da participação dos fiéis nas missas dominicais.

Dorota Abdelmoula, que foi porta-voz do comitê organizador central da JMJ 2016 em Cracóvia, afirmou: “Parece-me inconcebível que um evento desta magnitude não tenha tido impacto na Igreja e nos jovens que dela participaram. Há algumas coisas que as estatísticas não podem explicar, pois é uma experiência individual”, diz ela, agora funcionária do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, em Roma.

“Você poderia se perguntar como seria a Igreja polonesa se não fosse a JMJ”, sugere o historiador Mateusz Zimny. O técnico de 35 anos que coordenou a equipe de tradução em Cracóvia 2016 está convencido de que as estatísticas seriam “ainda piores” se o evento não tivesse ocorrido na Polônia.

“É inegável que a JMJ dinamizou a pastoral juvenil nas paróquias e dioceses. Os padres tiveram que formar grupos que, muitas vezes, perduraram, mesmo informalmente”, afirma.

É o caso da “Pequena Família JMJ” da Paróquia da Sagrada Família, em Chełm, no Leste da Polônia. A partir de 2014, cerca de 20 jovens formados pelo Padre Karol Mazur se reuniam lá uma vez por mês para se preparar para a JMJ em seu país, tanto espiritual quanto logisticamente.

“Há dois anos, a pedido dos jovens, estamos nos vendo todas as semanas. Saímos de férias juntos, formamos uma banda e participamos de feiras para arrecadar fundos para a viagem a Lisboa”, conta o Padre Mazur.

Os jovens do grupo também visitaram escolas de ensino médio para se encontrar com os alunos. “Queríamos apresentá-los à JMJ, mas também mostrar que podemos fazer algo divertido juntos”, diz o Padre. Dois jovens juntaram-se a eles graças a essas visitas. Ao todo, serão 17 deles em Portugal, na Jornada deste ano.

A preparação para a JMJ 2016 significou também a criação de estruturas dedicadas à evangelização juvenil em dioceses que antes não as possuíam, como Gdansk, Poznań e Bielsko-Biala.

Também levou à formação de uma nova geração de sacerdotes, que participaram em Cracóvia como seminaristas ou jovens vigários, aponta Dom Grzegorz Suchodolski, secretário geral da comissão organizadora da JMJ de Cracóvia, hoje responsável pela Pastoral Juvenil na Conferência Episcopal Polonesa.

Ao mesmo tempo, várias pessoas concordam que os jovens foram encorajados a se tornarem, mesmo que apenas ocasionalmente, líderes dentro da Igreja. Dom Grzegorz diz que essa foi “uma lição maravilhosa de sinodalidade”. “Quando tudo ‘voltava ao normal’ depois da JMJ, muitas vezes acontecia que as paróquias não tinham ideias sobre o que fazer com esses jovens… Certamente, o potencial deles poderia ter sido mais bem aproveitado na época”, ressalta o Bispo.

Em outro nível, o fato de terem convivido com jovens crentes de todo o mundo, terem sido acolhidos em famílias durante as jornadas diocesanas, contribuiu também para a formação espiritual dos católicos poloneses.

“Durante várias décadas, acreditamos no mito de uma Igreja polonesa que havia alcançado sua plenitude, era autossuficiente e, portanto, retraída”, reconhece Dom Grzegorz. “A JMJ nos deu um vislumbre da Igreja universal, uma Igreja não só de diferentes idiomas, mas também de diferentes culturas e abordagens aos desafios contemporâneos”.

Conforme estimativas do gabinete organizador, aproximadamente 25 mil jovens polacos se deslocaram a Lisboa para a JMJ 2023. Segundo Dom Grzegorz, “isso é um sinal inegável de revitalização”.

Fonte: La Croix International

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