Itália: Paróquia desafia protestos de moradores por acolher migrantes

Há um ano, um sacerdote italiano ganhou as man­chetes nacionais por acolher migrantes e pessoas em si­tuação de rua para dormir em sua paróquia durante as noites frias de inverno. Sua atitude encontrou a oposição de moradores locais, que circularam uma petição pedin­do sua remoção.

Hoje, o Padre Giovanni Kirschner, Pároco da Paróquia de Santa Maria del Sile, localizada em Treviso, na região de Veneto, no Norte da Itália, perto da fronteira com a Áustria, está de volta.

No dia 11, cerca de 30 requerentes de asilo foram expul­sos de uma estrutura de estacionamento em Treviso em que estavam abrigados, aparentemente sob a alegação de que um documento que certificava o sistema de proteção contra in­cêndio na edificação estava desatualizado.

Um total de 17 migrantes foi realocado para um quartel local da Polícia militar italiana, porém a instalação não tinha capacidade para todos os 30. Assim, os 13 restantes encon­traram abrigo em uma grande tenda erguida no terreno da Paróquia.

A tenda não tem aquecimento, o que é um problema sé­rio com as temperaturas noturnas em Treviso oscilando em torno de zero, contudo os migrantes estão pelo menos prote­gidos das intempéries. Voluntários da Paróquia forneceram refeições simples, como um café da manhã com chá quente e biscoitos, e estão coletando colchões e cobertores.

O uso da tenda, no entanto, é uma solução temporária, e o Padre Giovanni anunciou que se uma solução não for en­contrada, ele mais uma vez convidará o grupo para dormir dentro da igreja.

Embora reconhecendo um problema com “pessoas bê­badas ou irritantes” entre os migrantes no bairro por algum tempo, o Sacerdote insistiu que a realidade era que o único abrigo local não tinha espaço para acomodar todos aqueles que precisavam, e também não havia lugar para as pessoas permanecerem seguras durante o dia.

“Claramente, a igreja não é um abrigo e, nesse sentido, não é certo que as pessoas durmam lá”, escreveu ele. “Mas podemos pensar em estar certos em um mundo que está er­rado? Em uma cidade rica, cheia de casas vazias, que deixa as pessoas dormindo nas ruas, que deixa as pessoas morren­do nas ruas?”

Em 2015, o Papa Francisco apelou publicamente às pa­róquias e outras instalações da Igreja para que abrissem suas portas em meio à crise de refugiados na Europa.

“Que cada paróquia, cada comunidade religiosa, cada mosteiro, cada santuário na Europa hospede uma família, começando pela minha Diocese de Roma”, disse Francisco durante seu discurso do Angelus em 6 de setembro de 2015.

Ele também pediu aos bispos de toda a Europa que fizes­sem com que suas dioceses atendessem seu chamado para “expressar o Evangelho em termos concretos e acolher uma família de refugiados”.

Fonte: La Croix International

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