
O Japão está à beira de um avanço na Medicina: o desenvolvimento de sangue artificial que pode transformar a medicina de emergência e salvar inúmeras vidas.
Por décadas, o Japão enfrentou um desafio crescente: uma população em declínio e uma sociedade em envelhecimento levaram a um número menor de doadores de sangue, mesmo que a necessidade de transfusões permaneça estável. Essa situação é especialmente grave durante desastres ou em regiões remotas, em que a compatibilidade de tipos sanguíneos e o armazenamento do sangue doado são pesadelos logísticos. Reconhecendo isso, pesquisadores têm se apressado para desenvolver uma alternativa segura e eficaz ao sangue, que possa ser administrado a qualquer pessoa, em qualquer lugar, a qualquer momento.
No centro dos esforços do desenvolvimento do sangue artificial no Japão está uma equipe liderada pela professora Hiromi Sakai, da Universidade Médica de Nara. A abordagem envolve a extração de hemoglobina – a molécula transportadora de oxigênio presente nos glóbulos vermelhos – do sangue de doadores expirados e, em seguida, o encapsulamento em um invólucro protetor para criar glóbulos vermelhos artificiais estáveis e livres de vírus. Ao contrário do sangue, essas células artificiais não têm tipo sanguíneo, eliminando a necessidade de testes de compatibilidade com doadores e tornando-as inestimáveis em emergências.
O professor Teruyuki Komatsu, da Universidade Chuo, também é pioneiro em transportadores artificiais de oxigênio, utilizando hemoglobina encapsulada em albumina para estabilizar a pressão arterial e tratar condições como hemorragia e derrame. Estudos em animais mostraram resultados promissores, e os pesquisadores estão ansiosos para avançar para testes em humanos.
Em julho de 2024, a Universidade Médica de Nara anunciou que um teste clínico envolvendo adultos saudáveis começaria em março deste ano. O objetivo: testar a segurança e a eficácia, com a esperança de uso prático até 2030 — um cronograma que pode tornar o Japão o primeiro país a implementar sangue artificial em cuidados médicos no mundo real.
Fonte: Med Edge