Nigéria: escolas cristãs são forçadas a fechar durante o período do Ramadã

ACN

Em uma decisão inédita, os governadores dos estados de Katsina, Kano, Kebbi e Bauchi, na Nigéria, anunciaram o fechamento de todas as escolas, públicas e privadas, durante o mês do Ramadã (período observado pelos muçul­manos para jejum, reflexão e estreitamento de laços com Alá e pessoas ao seu redor, que este ano vai de 28 de fevereiro a 30 de março).

Dom Gerald Mamman Musa, Bispo de Katsina, afirmou que desaprova a iniciativa, uma vez que, considerando apenas seu estado, ela afeta a vida de 2,5 mil alunos, além de seus pais e professores, nas oito escolas católicas ali existentes. O fechamento das escolas significa que milhares de estudantes, nos quatro esta­dos, estão privados de frequentar as aulas em uma região em que a falta de acesso à educação aumenta o desemprego e piora a pobreza.

“O anúncio do fechamento das escolas nos pegou de surpresa, pois não há precedentes. É preciso entender que educação e obrigações religiosas não são mutuamente exclusivas, mas andam de mãos dadas. Nessa questão, deve­mos ser guiados pela lógica, pelo diálogo e pela sabedoria”, afirmou o Prelado.

Seus comentários fazem parte de uma carta emitida pela Conferência dos Bispos Católicos da Nigéria, expressando “profunda preocupa­ção” com a decisão.

A carta afirma que a iniciativa dos governa­dores equivale a um ataque ao direito à educa­ção, consagrado na Declaração Universal dos Direitos Humanos: “O fechamento de escolas por um período prolongado mina esse direito e coloca em risco a educação e o futuro de mi­lhões de crianças nigerianas”.

A carta também cita relatórios da Organiza­ção das Nações Unidas (ONU), indicando que a Nigéria tem o maior número de crianças fora da escola no mundo, com mais de 10 milhões no total, e enfatiza que o fechamento de escolas levanta sérias questões sobre a natureza secular do país e os direitos de todos os seus habitantes.

Os bispos, na carta, concluíram: “Pedimos aos governadores dos estados afetados que re­considerem esta decisão e explorem medidas alternativas que respeitem os direitos e liberda­des de todos os cidadãos.”

Fonte: InfoCatólica

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