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Nigéria: massacre de cristãos atinge patamares alarmantes

AIS Portugal

A perseguição aos cristãos se tornou uma tragédia contemporânea, com números cada vez mais estarrecedores, sobretudo em solo africano: apenas na Nigéria, estima-se que mais de 7 mil cristãos tenham perdido a vida nos primeiros sete meses de 2025 – uma média de mais de 30 mortos por dia –, em ataques de jihadistas do Boko Haram, organização terrorista islâmica, ou de grupos armados que espalham terror contra os que creem em Cristo. 

Ataques contra comunidades cristãs, especialmente no Norte do país, não são um fenômeno isolado, mas uma estratégia para “aniquilá-las todas e islamizar o país”, diz o criminologista, pesquisador e ativista nigeriano Emeka Umeagbalasi, que é diretor da Sociedade Internacional para as Liberdades Civis e o Estado de Direito (Intersociety) e há 30 anos denuncia a violação de direitos humanos em seu país. 

A entidade alerta sobre uma “estratégia sistemática para alcançar o extermínio dos cristãos” apoiada pela cumplicidade do Estado e pela passividade da comunidade internacional.

“Hoje, no norte da Nigéria, é quase impossível viver como cristão e, se essa tendência continuar, dentro de meio século não seremos mais um país religiosamente plural”, diz Umeagbalasi.

“A cumplicidade faz parte da política expansiva do governo nigeriano de islamizar o país”, afirma ele. Segundo o perito, no governo de Muhammadu Buhari (2015-2023), ex-oficial militar de origem fulani, a Nigéria sofreu uma deterioração significativa na segurança interna.

Embora Buhari tenha chegado ao poder com a promessa de derrotar grupos jihadistas e restaurar a estabilidade, tanto o Boko Haram quanto seu braço direito, o Estado Islâmico na Província da África Ocidental, consolidaram seu controle sobre grandes áreas do Nordeste do país nos últimos anos.

Como exemplo da inação do Estado nigeriano, Umeagbalasi cita o caso paradigmático dos sequestros em massa no estado de Kaduna, no norte do país. Nessa região, vários grupos armados ligados a pastores da etnia fulani, a mesma do presidente, atacam frequentemente aldeias cristãs, sem que as forças de segurança façam qualquer esforço para impedi-los. Segundo o especialista, o governo nigeriano tende a minimizar essa violência, descrevendo-a simplesmente como “crime comunitário”.

Cerca de 850 cristãos permanecem presos em vários campos na região de Rijana, bem perto de uma base militar. Isso começou em dezembro do ano passado e eles permanecem reféns dos jihadistas até hoje. Entre dezembro e agosto deste ano, cerca de 100 prisioneiros foram mortos na região.

“Como é possível que tudo isso esteja acontecendo a poucos quilômetros de instalações militares sem que ninguém tome providências?”, pergunta o ativista. Se não agirmos com urgência, pode não haver mais Cristianismo na Nigéria até 2075″, concluiu o diretor da Intersociety. 

Os deslocamentos em massa para campos de deslocados internos — e além das fronteiras, para Camarões ou Chade — são mais uma evidência da magnitude do problema. 

Fontes: ACI Prensa e Revista Oeste

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