Nos EUA, Academia de Líderes Católicos promove curso sobre a Doutrina Social da Igreja

Atividade, que prossegue até o dia 29, terá conferencistas de diferentes países, entre os quais o Cardeal Odilo Pedro Scherer

Fotos: Facebook da Academia de Líderes Católicos

Poucos temas, na história latino-americana, são tão polêmicos como aquele da participação dos católicos na vida política de seus países. Muitos são os exemplos mais sublimes de dedicação ao povo, mas não menos volumosos são os mais flagrantes casos de traições aos ideais evangélicos.

Particularmente após a publicação da encíclia Rerum Novarum (1891), com o desenvolvimento conceitual da sua Doutrina Social, a Igreja passou a contar com orientações precisas para o mundo da política (ainda que abertas à pluralidade inerente a este ambiente). Contudo, a formação adequada das lideranças sociais e políticas continua a ser um desafio neste continente e na maior parte das democracias atuais.

Entretanto, existem muitas experiências que procuram superar esse hiato entre os posicionamentos conceituais da Doutrina Social da Igreja (DSI) e a prática política dos católicos. Uma das mais recentes e bem-sucedidas é a Academia de Líderes Católicos da América Latina.

Iniciada no Chile, em 2006, a Academia está atualmente em 14 países da América Latina, dedicando-se a “formar líderes a partir de uma perspectiva católica, enraizada na fé da Igreja, para transformar o mundo social, político e econômico à luz da Doutrina Social da Igreja”, conforme consta em seu site https://liderescatolicos.cl/.

Desde a sexta-feira, 19, até a próxima segunda-feira, 29, a Academia realiza no campus da Saint John’s University, em Nova York, nos Estados Unidos, o IX Curso Internacional de Doutrina Social da Igreja, com conferencistas de vários países da América Latina, Europa e Estados Unidos, entre os quais o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, que abordará o tema “A espiritualidade de Jesus e o líder católico”.

Por algumas vezes, o Arcebispo de São Paulo já destacou a atenção da Igreja com as questões políticas. Em 8 junho de 2022, em seu programa diário na rádio 9 de Julho, Dom Odilo lembrou que a política “é o exercício do bem comum e, por isso, quem se dedica à política deve visar ao bem comum e a ele servir. Não simplesmente o bem particular ou então de um grupo que apoie”. Na mesma ocasião, ele enfatizou: “Para nós católicos, deve ficar claro que na política não se deve ver os adversários como inimigos”.

AS AÇÕES DA ACADEMIA DE LÍDERES CATÓLICOS

Até hoje, a Academia de Líderes Católicos já formou mais de 4 mil pessoas, nos diferentes países em que está.

Suas atividades incluem, além de cursos com diferentes níveis de formação, congressos e seminários para o debate de temas candentes, celebrações e encontros de espiritualidade. Sua metodologia de formação está no tripé Verdade, Beleza e Bondade, que se articula em três palavras-chave: mente, coração e mãos.  Desta forma, integra uma sólida formação intelectual a uma postura humana que busca ser compassiva, justa e solidária, e à perspectiva de ações de intervenção na realidade.

No atual contexto de forte polarização ideológica, seja na sociedade, seja nas comunidades católicas, a Academia busca manter uma postura que integre e reúna os católicos, na fidelidade ao magistério da Igreja, às indicações do Papa Francisco e à comunhão com os bispos das dioceses nas quais está.

Em algumas ocasiões, as atividades da Academia são realizadas em países fora da América Latina – como no atual evento em Nova York –, pois seus professores e colaboradores se espalham pela Europa e a América do Norte.

PRESENTE TAMBÉM NO BRASIL

A instituição projeta contribuições significativas no Brasil, conforme explica Eduardo Almeida, brasileiro e membro do Conselho Geral Internacional da Academia.

“No Brasil, a partir deste ano, a Academia vai enfocar sua ação em duas frentes.  Primeiramente, integrar a presença da Academia em várias (arqui)dioceses, como Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília (DF), Diamantina (MG), Curitiba (PR), Belo Horizonte (MG), entre outras.  Segundo, apoiar os líderes católicos de comunidades, no sentido de fortalecer a Evangelização Comunitária Integrada.  Acreditamos que é nos pequenos grupos que poderemos ter transformações significativas, tanto do ponto de vista local quanto funcional”, diz Almeida.

Como exemplos das ações para a Evangelização Comunitária Integrada, Almeida cita que “serão promovidos eventos de formação para líderes de comunidades mais pobres, assim como de comunidades laborais, como médicos, advogados, professores, entre outras profissões. Os líderes católicos podem fazer muita diferença no meio em que vivem e trabalham, no sentido de trazer a paz, o desenvolvimento e a solidariedade”.

(Colaborou: Francisco Borba Ribeiro Neto)

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