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OMS diz que 42 mil pessoas em Gaza têm lesões graves, com acesso limitado à reabilitação

Relatório destaca que 25% dos feridos são crianças; mais de 5 mil pessoas passaram por amputação desde início do conflito; outras lesões incluem danos no cérebro, na medula espinhal e queimaduras; Apenas 14 dos 36 hospitais permanecem parcialmente funcionais

Criança palestina Mohammad Hassan sentada em uma cama de hospital em Gaza após sua perna esquerda ter sido amputada por uma explosão
UN News

Em meio ao conflito em Gaza, quase 42 mil pessoas sofreram ferimentos com consequências para toda a vidade acordo com as últimas estimativas da Organização Mundial da Saúde, OMS, divulgadas nesta quinta-feira.

Um em cada quatro desses ferimentos afeta crianças.

Desfiguração, incapacidade e estigma social

Danos permanentes representam um quarto de todas as lesões relatadas, de um total de 167.376 pessoas feridas desde outubro de 2023. Mais de 5 mil pessoas passaram por amputação.

Outras lesões graves também são generalizadas. Foram identificados mais de 22 mil ferimentos em braços e pernas, cerca de 2 mil na medula espinhal, 1,3 mil no cérebro e mais de 3,3 mil queimaduras sérias.

De acordo com a OMS, esse quadro aumenta ainda mais a necessidade por serviços cirúrgicos e de reabilitação especializados.

O relatório também destaca a prevalência de lesões faciais e oculares complexas, especialmente entre os pacientes listados para evacuação médica fora de Gaza, condições que muitas vezes levam à desfiguração, incapacidade e estigma social.

A análise atualizada baseia-se em dados de 22 Equipes Médicas de Emergência apoiadas pela OMS, do Ministério da Saúde de Gaza e dos principais parceiros de saúde, fornecendo uma imagem mais abrangente das necessidades de reabilitação como resultado de lesões traumáticas graves.

Sistema de saúde “à beira do colapso”

A agência da ONU afirma que à medida que novas lesões aumentam, o sistema de saúde está “à beira do colapso”. Apenas 14 dos 36 hospitais de Gaza permanecem parcialmente funcionais.

Menos de um terço dos serviços de reabilitação pré-conflito estão operando, com vários perante o fechamento iminente. Nenhum está totalmente funcional, apesar dos esforços dos paramédicos e parceiros de saúde.

A guerra arrasou a força de trabalho de reabilitação. Gaza já teve cerca de 1,3 mil fisioterapeutas e 400 terapeutas ocupacionais, mas muitos foram deslocados e pelo menos 42 foram mortos até setembro de 2024, de acordo com o relatório.

Apesar do grande número de amputações, Gaza tem apenas 8 protéticos para fabricar e colocar membros artificiais.

Famílias em Gaza vivem em tendas entre as ruínas de suas antigas casas
Famílias em Gaza vivem em tendas entre as ruínas de suas antigas casas
Unicef/Mohammed Nateel

Impacto de saúde mental

O representante da OMS no território palestino ocupado, Richard Peeperkorn, afirmou que a reabilitação “é vital não apenas para a recuperação de traumas, mas também para pessoas com condições crônicas e deficiências, que não estão refletidas neste relatório”.

Ele ressaltou que “deslocamento, desnutrição, doenças e falta de produtos médicos significam que a verdadeira carga de reabilitação em Gaza é muito maior do que os números apresentados”.

As lesões relacionadas ao conflito também têm um profundo impacto na saúde mental, pois os sobreviventes lutam contra traumas, perdas e sobrevivência diária, num contexto em que os serviços psicossociais permanecem escassos.

A OMS, os paramédicos e outros parceiros de saúde permanecem em campo, trabalhando para atender às necessidades urgentes de saúde.

Mas para garantir o acesso aos cuidados e ampliar os serviços, incluindo a reabilitação, o relatório destaca que deve haver proteção dos profissionais, acesso irrestrito a combustível e suprimentos e a remoção de restrições à entrada de itens médicos essenciais, incluindo dispositivos auxiliares. 

Fonte: ONU News

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