O encontro, conhecido como UNGA80, abordou desafios e conquistas das últimas oito décadas, buscando soluções para conflitos, mudanças climáticas, igualdade de gênero e inteligência artificial figuram entre temas mais salientes das sessões deste ano.

Na segunda-feira, 22, na sede da ONU em Nova Iorque, foi iniciada a Semana de Alto Nível, que representa o clímax da comemoração do 80º aniversário das Nações Unidas.
Em diversas reuniões, cerca de 150 chefes de Estado e de governo se juntaram a funcionários da organização para refletir sobre a história da ONU, o estado do multilateralismo, reformas e o caminho a seguir.
“A paz não é ingênua”
Na sessão de comemoração dos 80 anos, o secretário-geral da ONU lembrou que grande parte da primeira geração de funcionários das Nações Unidas carregava marcas visíveis da guerra, como cicatrizes, queimaduras e sequelas.
António Guterres disse que esses funcionários viram a guerra de perto e por isso sabiam que “a paz era a busca mais corajosa, prática e necessária de todas”.
O líder da ONU contestou o “mito persistente” de que a paz é “ingênua”, de que a justiça é “sentimental” e de que a única verdadeira política é a do poder e do interesse próprio.
Segundo ele, os criadores da ONU não eram idealistas, mas sim pessoas que viram o pior da humanidade, como os horrores dos campos de concentração e a crueldade dos combates, e que, perante aquilo que testemunharam, escolheram servir a paz.
Para Guterres, as Nações Unidas são algo “extraordinário”, um espaço onde todas as nações se reúnem para resolver problemas que nenhum país pode resolver sozinho. Ele defendeu que a organização seja fortalecida, com “clareza, coragem e convicção”, para cumprir a promessa da paz.
Esperança ao invés de resignação
Já a presidente da Assembleia Geral afirmou que é preciso encontrar “uma determinação extraordinária, à altura dos desafios extraordinários que o mundo enfrenta”.
Annalena Baerbock afirmou que esse não é um dia de comemoração e sim de reunir coragem para “encontrar esperança em vez de resignação”, como foi feito há 80 anos.
Ela lembrou que, naquela época, nações estavam em “ruínas”, mais de 70 milhões de pessoas haviam morrido, inclusive nos “horrores indescritíveis do Holocausto” e 72 territórios ainda estavam sob o colonialismo. Nesse momento, a Carta das Nações Unidas surgiu como um sinal de esperança para um “mundo desesperado”.
Baerbock disse que hoje “os tempos parecem novamente sombrios, em uma encruzilhada semelhante”. Ela citou “crianças sem pais, à procura de comida nas ruínas de Gaza”. A guerra em curso na Ucrânia. A violência sexual no Sudão. As gangues aterrorizando as pessoas no Haiti. O ódio sem filtros na Internet.
A líder da Assembleia Geral questionou se “precisamos realmente reaprender as duras lições que nossos avós aprenderam com sangue e cinzas?”.
Conferência de São Francisco

Desde junho, a organização realiza eventos para marcar os 80 anos da assinatura da Carta da ONU, na Conferência das Nações Unidas sobre Organização Internacional em São Francisco, Estados Unidos, em 1945. Dos países de língua portuguesa, o Brasil foi o único a firmar o documento pela mão da diplomata e cientista Bertha Lutz.
Ao todo, foram 50 países fundadores.
Ainda nesta segunda-feira, a sede das Nações Unidas acolhe a reunião de alto nível da Assembleia Geral sobre o 30º aniversário da Quarta Conferência Mundial sobre a Mulher.
Na sessão da tarde será realizada a Conferência Internacional de Alto Nível para a Solução Pacífica da Questão Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados.
Principal órgão deliberativo das Nações Unidas

Na terça-feira começa o debate geral com pronunciamentos de representantes dos 193 Estados-membros e delegações de observadores no principal órgão deliberativo das Nações Unidas.
Durante a semana, a sala da Assembleia Geral e o complexo da organização abordará desafios globais mais urgentes, incluindo crises que vão desde guerras, mudanças climáticas, igualdade de gênero e inteligência artificial.
Para as Nações Unidas, nesta semana de alto nível, além de cumprir uma tradição deve ser marcado um momento vital para a comunidade internacional refletir, renovar seu compromisso e reimaginar o futuro compartilhado.
Fonte: ONU News