Organização Médicos Sem Fronteiras denuncia situação catastrófica em Gaza

No enclave palestino, as instalações médicas continuam sendo atingidas. A ONG alerta sobre as condições da população que luta para sobreviver e receber tratamento. Martina Marchiò: “Não há mais tempo. É hora de por fim a essa violência que já dura mais de 20 meses.”

MSF

“A situação humanitária em Gaza é catastrófica, estamos realmente no fim da linha, estamos nos estágios finais”. Em meio ao barulho de drones sobrevoando continuamente a Faixa, surge a veemente denúncia de Martina Marchiò, responsável médica da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) na Cidade de Gaza. “Há uma necessidade imediata de um cessar-fogo e da reabertura das fronteiras para permitir a entrada de ajuda em massa e de forma contínua”, afirma Marchiò, em declarações à mídia do Vaticano.

Atingidas mais de 20 instalações médicas

A situação nas instalações médicas está se complicando a cada dia, relata a MSF, e mesmo a ajuda que chegou à Faixa é totalmente insuficiente para os mais de dois milhões de habitantes.

“Pelo menos 20 instalações médicas em Gaza foram danificadas ou forçadas a fechar parcial ou completamente na última semana”, afirmou um comunicado da ONG divulgado na quarta-feira “devido ao avanço das operações terrestres israelenses, à intensificação dos ataques aéreos e às ordens de evacuação”.

Homens, mulheres e crianças continuam a necessitar desesperadamente de cuidados médicos e ajuda, enquanto “têm que se deslocar todos os dias devido a ataques pesados, violentos e brutais em várias partes da Faixa de Gaza ao mesmo tempo e devido a ordens de evacuação em massa”, confirma a responsável médica.

“Há cada vez menos espaço disponível – denunciou Marchiò – as pessoas estão se aglomerando em cada centímetro de terra que resta, e isso obviamente significa que os poucos hospitais e clínicas que ainda estão de pé precisam atender a necessidades cada vez maiores”.

De fato, os bombardeios israelenses em Gaza continuam iincessantes, agora reduzidos a escombros, com o número de mortos e feridos aumentando cada vez mais.

Clínicas superlotadas

“Os poucos hospitais funcionam parcialmente – diz Marchiò – e as clínicas estão completamente superlotadas com pacientes que chegam com patologias relacionadas à saúde primária, desnutrição, doenças crônicas e muito mais”. A população mal consegue sobreviver: “Não há mais comida, é difícil encontrar água potável e é difícil ter acesso a cuidados médicos vitais e básicos”.

De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, após o cerco ao Hospital Indonésio, todos os hospitais públicos no norte de Gaza estão fora de serviço. O aumento de 150% no número de pacientes que chegam ao hospital de campanha de MSF em Deir Al Balah, na região centro-sul da Faixa de Gaza, nos últimos dias, apenas confirma essa situação alarmante.

Um apelo à comunidade internacional

Kelly Dilworth, (L) MSF anesthetist has been called to the emergency ward in Shifa hospital. “We expect an influx of wounded in Shifa in the morning.” According to the UN, there would have been 17 deaths and 117 injured in one night of July 19 to 20, 2014

No sul, em Khan Younis, em 19 de maio, ataques israelenses também atingiram o complexo hospitalar de Nasser — pela terceira vez em dois meses — a 100 metros da unidade de terapia intensiva e do departamento de internação administrado por MSF. Para reduzir os riscos, as equipes das ONGs foram obrigadas a fechar temporariamente o ambulatório e a sala de sedação, além de suspender as atividades de fisioterapia e saúde mental, essenciais para pacientes com queimaduras, a maioria crianças. “Neste momento, é necessária uma posição firme da comunidade internacional”, conclui Marchiò. “Infelizmente, não há mais tempo, não há mais para ninguém. Chegou a hora de reconhecer isso e pôr fim a essa violência que já dura mais de 20 meses.”

Fonte: Vatican News

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