Patriarcado de Jerusalém pede ‘solução duradoura e global’ para o conflito Israel x Palestina’

Um dia após o ataque do Hamas ao território de Israel, e a contraofensiva israelense, com centenas de mortos, o pedido é de que também sejam garantidos os direitos fundamentais das pessoas

Foto: Ansa – via Vatican Media

Após o começo dos ataques do Hamas, no sábado, 7, os lançamentos de mísseis e os ataques terrestres continuam a se verificar a partir da fronteira sul de Israel.

Tel Aviv e Jerusalém foram atingidas. As vítimas israelenses seriam mais de 200, 1.400 os feridos. O Ministério da Saúde de Gaza relata 250 palestinos mortos e 1.700 feridos.

O exército está agindo para libertar as comunidades próximas de Gaza dos milicianos armados da organização infiltrados que fizeram numerosos reféns levados para o enclave palestino. Os moradores dos Kibutzes Be’eri e Ofakim, barricados em suas casas, foram resgatados pelas forças de segurança. A estação de polícia de Sderot, ocupada por militantes do Hamas, foi libertada com a morte de dez deles.

O Hezbollah libanês afirmou ter realizado “tiros de artilharia e lançamento de foguetes” contra Israel a partir do território do Líbano. Na noite deste sábado, o ministro da Defesa, Yoav Gallant, estendeu o “estado de emergência” a todo o território nacional. Os confrontos entre soldados israelenses e milicianos de Hamas ocorreram nos kibutz fronteiriços, de Ofakim e Beeri a Nirim e outros: à noite, o exército anunciou que os combates continuavam em 22 locais. Em Gaza, ao cair da noite, a eletricidade foi cortada.

VERSÕES

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ordenou ao exército que chamasse os reservistas e “respondesse à guerra com uma impetuosidade e amplitude que o inimigo nunca conheceu antes”. A força aérea israelense, após alguma incerteza, começou a bombardear a Faixa de Gaza.

Os Médicos Sem Fronteiras falaram sobre dois hospitais atingidos, o Hospital Indonésio e o Hospital Nasser. Da Faixa, o chefe da ala militar de Hamas, Mohammad Deif, definiu a operação ‘Inundação de al-Aqsa’ como uma resposta à “profanação de lugares sagrados” e às “detenções”.

“Advertimos várias vezes o inimigo sionista – disse – mas sempre recebemos recusas”. Enquanto isso o vice-chefe de Hamas, Saleh al-Arouri, afirmou que a sua organização está envolvida numa batalha “pela liberdade”.

“Isto – especificou – não é uma operação de ataque e fuga, iniciamos uma batalha total. Esperamos que os combates continuem e que a frente de combate se expanda. Temos um objetivo primordial: a nossa liberdade e a liberdade dos nossos lugares sagrados”.

Em Gaza, depois do primeiro momento de euforia com a incursão dos milicianos em território judeu, prevalece o medo de represálias: muitos já abandonaram a zona mais próxima da fronteira com medo de uma operação terrestre do exército.

O APELO DO PATRIARCADO DE JERUSALÉM

Em nota publicada em seu site, o Patriarcado Latino de Jerusalém diz que a explosão de violência “é muito preocupante pela sua extensão e intensidade. A operação lançada a partir de Gaza e a reação do exército israelense estão a levar-nos de volta aos piores períodos da nossa história recente. As demasiadas vítimas e demasiadas tragédias que as famílias palestinas e israelenses têm de enfrentar criarão ainda mais ódio e divisão e destruirão cada vez mais qualquer perspectiva de estabilidade”.

Daí o apelo à comunidade internacional, aos líderes religiosos da região e do mundo, para “fazerem todos os esforços para ajudar a acalmar a situação, restaurar a calma e trabalhar para garantir os direitos fundamentais das pessoas na região”.

Acrescenta-se também que “as declarações unilaterais relativas ao status dos locais religiosos e dos locais de culto fazem vacilar o sentimento religioso e alimentam ainda mais o ódio e o extremismo. É, portanto, importante preservar o Status Quo em todos os Lugares Santos na Terra Santa e em Jerusalém em particular”.

A nota conclui: “o contínuo derramamento de sangue e as declarações de guerra lembram-nos mais uma vez da necessidade urgente de encontrar uma solução duradoura e abrangente para o conflito palestino-israelense nesta terra, que é chamada a ser uma terra de justiça, paz e reconciliação entre os povos. Pedimos a Deus que inspire os líderes mundiais na sua intervenção para a implementação da paz e da concórdia, para que Jerusalém seja uma casa de oração para todos os povos”.

O QUE DIZ A EMBAIXADA DE ISRAEL NA SANTA SÉ

Em um comunicado divulgado na noite do sábado, 7, pela Embaixada de Israel junto à Santa Sé, afirma-se que “Israel está em guerra”.

A nota afirma que “dezenas de civis israelenses foram massacrados por membros de Hamas e militantes da Jihad Islâmica num horrível crime de guerra. Em tais circunstâncias, o uso de ambiguidade linguística e de termos que aludem a uma falsa simetria deve ser deplorado. O que aconteceu hoje não pode levar a uma guerra, já é uma guerra. A resposta de Israel nestas circunstâncias não pode ser descrita como outra coisa senão um direito de legítima defesa”.

“Certamente não pode ser descrita como agressão – acrescenta o comunicado da Embaixada –. Traçar paralelos onde eles não existem não é pragmatismo diplomático, é simplesmente errado”.

CONSTERNAÇÃO EM ISRAEL COM FALHA DE INTELIGÊNCIA

Entretanto, há uma forte consternação no país relativamente ao fracasso dos serviços de segurança. O governo e a inteligência estão sob acusação. Os Estados Unidos e Israel estão discutindo uma possível ajuda militar.

Netanyahu, ao telefone com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, falou de “uma campanha militar poderosa e prolongada”, no final da qual Israel “haverá a vantagem”. Operação “Espadas de Ferro”, como o governo de Jerusalém a chamou. Entretanto, a China apela “às partes pertinentes para que mantenham moderação e calma, parem imediatamente os combates, protejam os civis e evitem a deterioração da situação”.

Fonte: Vatican News

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