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Polônia continua como líder europeia em número de vocações sacerdotais

A Polônia, há muito considerada o campo mais fértil da Europa para vocações sacerdotais, encontra-se em uma encruzilhada. Embora os números permaneçam relativamente altos – 208 homens serão ordenados em 2025 –, a tendência de queda é inconfundível. Há apenas uma década, o país celebrava mais de 400 novos padres em um único ano. Hoje, menos da metade desse número assumirá o ministério pastoral. 

A turma deste ano é composta de 141 padres diocesanos e 67 de ordens religiosas. Tarnów lidera novamente o país, com 13 ordenações, um número impensável na maioria das dioceses europeias. No entanto, a lista de dioceses sem nenhum novo padre está aumentando, e a vitalidade antes considerada natural em lugares como Cracóvia diminuiu visivelmente. 

O declínio não é exclusivo em solo polonês. Em todo o continente, as vocações despencaram a tal ponto que muitas Igrejas locais dependem de clérigos da África ou da Ásia. Em contraste, a Polônia ainda produz mais novos padres do que qualquer outra nação europeia, um fato que tranquiliza os líderes católicos e levanta questões incômodas. Por quanto tempo o país poderá manter sua reputação de reservatório espiritual da Europa? 

Alguns bispos poloneses argumentam que a Igreja entrou em uma fase de estabilização, em vez de queda livre. Dom Andrzej Przybylski, que coordena a pastoral vocacional em todo o país, insiste que a chave é o acompanhamento, e não os números. “Deus continua a chamar”, disse ele, “mas nossa tarefa é criar espaços em que os jovens possam descobrir esse chamado, estar presentes em suas vidas e ajudá-los a discernir”. Sua linguagem ecoa a do falecido Papa Francisco, que frequentemente alertava contra tratar as vocações como uma questão de estatística e não de encontro pessoal. 

A vida católica na Polônia permanece robusta em comparação com grande parte da Europa Ocidental — 71% ainda se identificam como católicos e quase um terço frequenta a missa semanalmente, mas a polarização política e a mudança geracional complicaram o cenário. No mesmo ano em que o país acolheu mais de 200 novos padres, bispos pediram uma “conversão da linguagem” após comentários inflamados sobre a migração terem gerado indignação. A Igreja que produz mais vocações do que qualquer outra na Europa também é aquela que navega pelas mesmas tempestades culturais vistas na Itália, Alemanha ou França.

Fonte: Zenit News

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