Seis caminhões com mantimentos foram descarregados em Bab al-Hawa, única passagem de fronteira autorizada; secretário-geral diz que acesso deve ser desimpedido e resposta não pode ser politizada; número de mortos na Turquia e Síria já passa de 19 mil, de acordo com agências de notícias.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou que a resposta aos terremotos na Síria e Turquia, que já deixaram mais de 19 mil mortos, precisa de acesso desimpedido e mais recursos.
O Escritório para Assuntos Humanitários da ONU, Ocha, informou que seis caminhões com “itens de abrigo e mantimentos não alimentícios, cobertores e kits de higiene” chegaram a Bab al-Hawa, a única passagem de fronteira autorizada no Conselho de Segurança da ONU para entrega de ajuda.
Epicentro do tremor e refugiados
Guterres falou a jornalistas na sede das Nações Unidas na manhã desta quinta-feira, horas após o primeiro comboio com ajuda humanitária chegar ao noroeste da Síria.
António Guterres contou que enviou seu subsecretário-geral para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, à região. Ele deve visitar o epicentro do terremoto, Gaziantep, além de Aleppo e Damasco, na Síria. O sismo havia interrompido as linhas de abastecimento na fronteira com a Turquia nos últimos três dias.
Guterres lembrou que a ONU liberou US$ 25 milhões do Fundo Central de Resposta de Emergência, Cerf, e disse que a organização está pronta para apoiar as autoridades turcas.
Na próxima semana, as Nações Unidas devem lançar um apelo humanitário aos doadores para apoiar os sírios afetados pelos sismos. A área atingida era um dos maiores pontos de acolhimento de refugiados sírios na Turquia. Na última década, a o país vizinho abrigou cerca de 3,6 milhões de sírios. Já em Aleppo, a Síria acolheu muitos iraquianos fugindo da guerra e violência.
Ajuda humanitária urgente
De Genebra, o enviado especial da ONU para a Síria, Geir Pedersen, pediu garantias de que a assistência urgente aos sírios não seja dificultada ou “politizada”.
Ele acrescentou que é necessário que a o auxílio chegue “independentemente de fronteiras e limites”. Pedersen reforçou que os sírios precisam “de absolutamente tudo”.
O apelo do enviado especial da ONU na Síria reforça o alerta do Ocha para a quantidade de pessoas no país precisando de assistência humanitária. Segundo os dados, antes do desastre 15,3 milhões dependiam da ajuda, número que deve ser revisado para cima.
Terremoto agrava situação delicada na Síria
Com quase 12 anos de guerra civil, a Síria enfrenta dificuldades econômicas e uma das maiores crises de deslocamento do mundo. Antes do terremoto, e com base em avaliações, a ONU calculou que mais de 4 milhões de pessoas no noroeste da Síria dependiam da ajuda transfronteiriça.
O país está dividido em áreas sob o controle do governo sírio, forças de oposição e outros grupos armados. As áreas do governo e da oposição foram particularmente atingidas pelo terremoto.
Em todas as partes afetadas da Síria, os humanitários relataram a necessidade urgente de equipes de resgate e abrigos temporários. A ONU mobilizando equipes de emergência e operações de socorro, e muitos países já ofereceram apoio.
Envio de mantimentos de saúde
Além do esforço da Organização Internacional para Migrações, OIM, e do Programa Mundial de Alimentos, PMA, na distribuição de mantimentos básicos, a Organização Mundial da Saúde, OMS, também está atuando para mitigar riscos à saúde.
A OMS na Europa alerta que o frio e a interrupção de serviços de água e saneamento aumentam o risco de doenças nas áreas atingidas pelos tremores. Por isso, a agência de saúde já está enviando equipes médicas e suprimentos para atendimento.
O time de Avaliação e Coordenação de Desastres das Nações Unidas também está atuando na busca e resgate de vítimas, enquanto a Agência da ONU para Refugiados, Acnur, acolhe sobreviventes em abrigos coletivos.
Fonte: ONU