
Um projeto de lei apresentado pelo Ministério do Interior do Reino Unido confirma que nenhuma isenção será concedida às Confissões sob as novas propostas de denúncia obrigatória que visam ao combate do abuso sexual de crianças.
A decisão desencadeou uma onda de preocupação entre líderes católicos, juristas e defensores da liberdade religiosa, que veem a medida como uma ameaça direta a um dos princípios mais protegidos da vida sacramental. De acordo com o projeto de lei de Justiça Criminal — atualmente em tramitação no Parlamento — clérigos de todas as denominações seriam legalmente obrigados a delatar quaisquer denúncias de abuso sexual infantil, mesmo que a informação seja recebida dentro dos limites do confessionário.
A política afirma firmemente: “Esta obrigação se aplicará a todos os indivíduos que realizam atividades relevantes com crianças, inclusive em ambientes religiosos e baseados na fé. Não há exceções com base em onde a divulgação é feita, incluindo as Confissões”.
O sigilo da Confissão não é apenas uma tradição; é um imperativo divino. O Direito Canônico não deixa espaço para interpretação: qualquer padre que quebre diretamente o sigilo incorre em excomunhão automática, reservada à Santa Sé. Aos olhos da Igreja, o confessionário não é meramente confidencial: é inviolável.
David Paton, católico praticante e professor de Economia Industrial na Universidade de Nottingham, apresentou evidências a uma comissão parlamentar que avalia o projeto de lei. Ele argumenta que o governo está interpretando perigosamente mal tanto a realidade espiritual quanto o efeito prático de sua proposta. “Não há evidências empíricas de que a violação do sigilo da Confissão levaria a melhores resultados na proteção da criança. Na verdade, isso pode impedir tanto os perpetradores quanto os potenciais denunciantes de se apresentarem no único espaço em que poderiam ser encorajados a enfrentar sua culpa”, afirmou Paton.
Mesmo que a lei seja aprovada, insiste Paton, os padres seriam moral e canonicamente proibidos de cumpri-la. “O que o governo alcançará não é maior segurança, mas uma nova categoria de suspeitos de não cumprimento que ficarão indefesos contra repercussões legais e danos à reputação”, concluiu o professor.
Fonte: Zenit News