Santa Sé sobe o tom e denuncia Israel por ‘carnificina’ em Gaza

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No dia 13, o Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado da Santa Sé, não escondeu sua indignação com a situação em Gaza. “Peço que o direito de defesa de Israel, invocado para justificar a operação militar em Gaza, seja proporcional, o que certamente não é o caso, com 30 mil mortos”.

A declaração foi feita durante uma cerimônia a convite das autoridades italianas de comemoração do Tratado de Latrão, documento assinado entre o Reino da Itália e a Santa Sé no início do século XX para colocar um fim em desentendimentos entre o governo italiano e a Igreja Católica.

O Cardeal Parolin também reiterou sua condenação “sem reservas” dos ataques do Hamas e de todas as formas de antissemitismo, mas suas observações foram muito mal recebidas.

A declaração do secretário de Estado da Santa Sé provocou uma forte reação da embaixada do Estado judeu em Roma. Já os líderes da Austrália, Canadá e Nova Zelândia advertiram Israel na quinta-feira, 15, contra uma operação terrestre “catastrófica” na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em um comunicado conjunto oficial.

Por sua vez, também por meio de um comunicado, a embaixada israelense na Santa Sé denunciou “uma declaração deplorável”, ressaltando que, para julgar a legitimidade de uma guerra, seria necessário levar em conta todos os elementos e considerar “a estrutura geral”, ou seja, que Gaza foi transformada pelo Hamas “na maior base terrorista já vista”.

Desde o início da guerra, em 7 de outubro do ano passado, as relações diplomáticas entre as autoridades católicas e o Estado judeu têm sido turbulentas.

Em meados de dezembro, o Patriarcado de Jerusalém denunciou a morte de duas mulheres cristãs “assassinadas a sangue-frio” em Gaza por um atirador israelense. O embaixador israelense no Vaticano retrucou: “Não há provas, essas são declarações difamatórias”.

Depois dos Estados Unidos, principal aliado de Israel, que disse ser contrário a uma ofensiva em Rafah sem “garantias” para a segurança dos civis, a Austrália, o Canadá e a Nova Zelândia posicionaram-se de forma alinhada com os norte-americanos.

Instando o governo de Benjamin Netanyahu a “não seguir esse caminho”, os três países disseram que “uma operação militar em Rafah seria catastrófica”, tendo em vista os “estimados 1,5 milhão de refugiados palestinos na área” que não têm para onde ir. 

Fonte: RFI Brasil

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