
É algo assim que eu queria que compreendêsseis sobre o Salvador. Se o Filho desceu à terra, foi por misericórdia para com o gênero humano; sim, Ele padeceu os nossos sofrimentos mesmo antes de ter padecido a cruz, antes de ter assumido a nossa carne. Pois, se Ele não houvesse sofrido, não teria vindo partilhar conosco a vida humana. Primeiro, Ele sofreu, depois veio. Mas, que paixão é esta que Ele sofreu por nós? É a paixão do amor.
E o próprio Pai, o Deus do universo, lento na cólera e rico em misericórdia, não é também de certo modo compassivo? Ou ignoras, que quando Ele se ocupa das coisas humanas sofre uma paixão humana? Porque o Senhor teu Deus – diz o Deuteronômio – tomou sobre si teus costumes, como um pai que leva consigo seu filho. Deus assume nossos sofrimentos. O Pai também não é impassível. Quando rezamos a Ele, tem pena e se compadece; Ele conhece alguma coisa da paixão do amor, e tem condescendências que sua soberana majestade parecia dever interditar-lhe.
Das Homilias sobre o Profeta Ezequiel de Orígenes (In Ez Hom 6: PL 25, 736-739)





